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As avenidas da lama.

 
As pequenas alegrias,
São grandes acontecimentos.
Para as grandes minorias,
Que vivem sem alimentos.

O pouco que possam ter,
Para eles é riqueza.
Pois tendo para comer,
Já não se nota a pobreza.

Habitam o bairro da lata,
Da exclusão social.
Para cagar vai-se á mata,
Ou então ao olival.

As avenidas da lama,
E os passeios de excrementos.
São os caminhos da fama,
De quem vive de lamentos.

Gritos bem lancinantes,
Aqui se fazem ouvir.
Mas estas vidas errantes,
Daqui não podem fugir.

Assim que tocou o sino,
Foi uma sorte maldita.
Que lhes traçou o destino.
Que lhes marcou a desdita.

Uma vida encurralada,
Por viver na Curraleira.
Vivendo com pouco ou nada,
Perdidos na bebedeira.

O álcool aquece a alma,
Do corpo que está frio.
E muitas vezes sem calma,
Pensas atirar-te ao rio.

A injustiça humana,
Condenou-os á pobreza.
E de forma desumana,
A viverem na incerteza.

A não ter casa para morar.
A não ter pão para comer.
A nada poder comprar.
A não saber como viver.

Vivem nas avenidas da lama,
Rotos e amarrotados.
De papelão fazem a cama.
De jornal os cortinados.

Vivendo só por viver.
Não têm nada a perder.
Estão fartos de saber.
Que para perder, há que ter.

Nas avenidas da lama,
Que se calhar nunca viste.
Não dormem sequer na cama,
Porque ela não existe.

Só existe lodo e lama,
E os que vivem como bichos.
E a merda que se derrama,
Juntamente com os lixos.

Não têm para comer.
E bebem para esquecer.
Nada têm a perder.
E não param de beber.

São muitas vidas perdidas,
Nesta enorme labirinto.
Todas elas, mal vividas.
Acredita, que eu não minto.

zeninumi 16/7/2007





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