Poemas : 

A Canção de Bagdá

 
Os olhos negros de Emab
já não choram. Estão secos.
Secos os olhos, os seios,
os corpos e os campos.
Secos, como a oliveira
que do antigo terraço
assistiu a chegada de cada uma
das mil e uma noites.
Secos, como são os homens
que metralham a esperança
e bombardeiam a inocência.

Foi-se o sândalo e a mirra evaporou inútil,
pois eis que o cheiro é só o cheiro da morte,
que compartilha o tempo da vida.

Calaram-se os mercadores
e tornaram-se imóveis estátuas
as mulheres que dançavam
desde a noite dos tempos.

Noites que já foram mil
e que agora nem se contam.
O relâmpago da bomba assassina
pari breves dias instantâneos,

e ruge a eterna ciranda
da fúnebre fome
de perpétua demanda.




Aos povos que sofrem o flagelo das guerras dos homens.


Lettré, l´art et la Culture - Rio de Janeiro, Primavera de 2014.




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Blog - Versos Reversos

 
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FabioVillela
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/10/2014 00:44  Atualizado: 30/10/2014 00:44
 Re: A Canção de Bagdá
Uaaaaaaaaaaaau! Que Lindo poema, até parece os poetas de Moçambique pelo estilo de escrita, ameiiiiiiiiiiiiiii

Enviado por Tópico
marciocorrea
Publicado: 30/10/2014 01:37  Atualizado: 30/10/2014 01:37
Da casa!
Usuário desde: 30/10/2014
Localidade: São Paulo
Mensagens: 374
 Re: A Canção de Bagdá
Parabéns, fantástico, queria um dia poder escrever assim, abs, muito bom