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O retrato da morte

 
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A morte não tem cor
Pinta-se da noite,
E viaja no escuro
Pra não ser vista

Não tem fé nem piedade,
Sem pedir anuência,
Leva os homens
Pra o mundo do além

Não é empresária
Nem piloto-mor,
Mas está sempre aviar
Vidas pra seu vasto mundo

A morte não envelhece,
Nasceu antes da era do gelo
E continua forte como nunca
Nesta geração da impiedade

Na terra dos entusiásticos,
A doença é sua executiva,
Só emite os passes de ida,
Os de volta, semeia-os
No idealismo dos homens

A morte não chora nem tem dó,
Quando nos entrega o passe
A viagem é inadiável,
Por mais que passemos
Pelas oficinas da vida

Não tem cais de embarque
Nem hora da partida,
Chegado o momento
Lá vamos ter
E meigo, nos aninha nos vagões
Escuros como a noite do seu mundo

Adelino Gomes-nhaca

Adelino Gomes

 
Autor
Upanhaca
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Enviado por Tópico
Frederico
Publicado: 17/04/2016 16:31  Atualizado: 17/04/2016 16:31
Membro de honra
Usuário desde: 12/08/2014
Localidade: Loures
Mensagens: 609
 Re: O retrato da morte
Meus parabens por tão esmerado poema
tocando num tema que causa dor e tristeza
mas passa pelas mãos do poeta na oficina da vida
umas vezes sem ida...outras sem volta !
Abraços
FC


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 18/04/2016 02:31  Atualizado: 18/04/2016 02:31
 Re: O retrato da morte
Escrevi uma vez, há muito tempo, que gostaria de ir um dia num comboio de magia para fora desta vida. Seus últimos versos me recordaram esse momento.
Gostei de ler sua meditação pungente.

Abraço

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