Poemas : 

Gosto quando te calas

 
<p align="center"><font face="Futura"size=3"><font color="#0000CC">




Gosto quando te calas

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.








Pablo Neruda
( 12/07/1904 — 23/09/1973)
Autores Clássicos no Luso-Poemas

 
Autor
Pablo Neruda
 
Texto
Data
Leituras
1060
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
9 pontos
1
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
SofiaDuarte
Publicado: 19/04/2009 19:15  Atualizado: 19/04/2009 19:15
Da casa!
Usuário desde: 19/12/2008
Localidade: Portugal
Mensagens: 338
 Re: Gosto quando te calas
Gosto quando leio, tão sabias as palavras, tão melodiosas...

levarei comigo...
Abraço,
Sofia Duarte