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Re: Comentário a "Convite à Loucura" para AliceMaya

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2/4/2012 17:15
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Querida Alice,

Antes de tudo, quero agradecer pela sua generosidade e pelo tempo dedicado à sua análise. Fiquei muito feliz com sua leitura perspicaz do meu poema. Sua atenção aos detalhes me proporcionou novas percepções sobre o que tentei escrever e me fez refletir sobre minhas próprias intenções.
Vamos ao divã... Vou tentar fazer uma "autoanálise", considerando tudo o que você tão gentilmente explorou.
O convite à "loucura" no poema não se refere à insanidade literal, creio que tentei abranger um sentido menos restritivo da loucura, se é que isso é possível.
A "loucura" a que me referi seria relacionada àquilo que nos torna únicos e especiais: nossas idiossincrasias e características peculiares que nos distinguem da multidão.
Então, podemos dizer que temos um convite à liberdade de viver os desejos e as emoções com plenitude. É uma tentativa de explorar a ideia de romper com as normas e convenções.
Ao escrever o poema, me questionei se a forma de ver o mundo e a "loucura" de uma pessoa poderiam encontrar compreensão e acolhimento em outra, no caso, a pessoa desejada.
Logo, há inegavelmente um contexto romântico no poema.
Certa vez, li um texto do filósofo Gilles Deleuze em que ele afirmava que só amamos de verdade uma pessoa quando percebemos sua "loucura". Partindo dessa ideia, se só amamos de verdade tendo essa percepção, para sermos amados, precisamos da coragem para mostrarmos nossas "loucuras", mesmo com o receio de possíveis rejeições.
É extremamente difícil encontrar pessoas que se mostrem tanto, que demonstrem sua "loucura" e outras que sejam capazes de percebê-las e abraçá-las. A maioria prefere viver de acordo com a normalidade, seguindo regras para obterem validação e aceitação.
O poema vai no contrafluxo dessa tendência, uma vez que há um apelo por compreensão fora desses padrões.
Fiquei muito feliz ao ver a sua interpretação da metáfora sobre a possibilidade de um universo ser maior que outro.
Confesso que me arrependo de um verso que deixei de escrever e que talvez pudesse responder à sua pergunta sobre o que a poetisa faria, caso a "loucura"/universo do outro fosse maior que o dela. Imaginar esse cenário é algo muito interessante.
O rasgar em versos é alma exposta, uma tentativa de dizer o que poupamos de falar na vida, valendo-se para isso de um meio supostamente frágil. "Recolher fúrias", representa conter a paixão e o fervor, uma internalização forçada.
Seu entendimento foi perfeito sobre o acordar no meio da noite e do escrever por imperativa necessidade.
O que vejo neste diálogo com a própria "loucura" é a busca por uma espécie de conforto que pode existir na autocompreensão, diante da consciência do que somos na intimidade das nossas mais profundas verdades diante do encontro das nossas ausências ou as de outra pessoa.
Uma lucidez na loucura, será?
Para finalizar, agradeço por estes momentos de reflexão que você me proporcionou.
Se gostei da sua análise? Adorei cada palavra.
Tanto que, para o próximo café, estou pensando seriamente em te convidar para estar à mesa conosco. Seríamos quatro: eu, você e as nossas "loucuras", que pelo visto, podem se entender muito bem.

Beijos,
Aline.

Criado em: 1/4 17:23
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Re: A Música que nos inspira Nº 13
sem nome
.
Na passada 5ªf, dia 28/03, fez um ano que Ryuichi Sakamoto morreu.
Triste dia!


Músico, produtor, professor, compositor japonês foi responsável pela produção de vários álbuns e inúmeras bandas sonoras (OST) de grandes* filmes:
. O Monte dos Vendavais (1992, adaptação da obra de Emily Bronte)
. Saltos altos (1991, de Pedro Almodóvar)
. O Pequeno Buda (1993, de Bernardo Bertolucci)
. Um Chá no Deserto (1990, adaptação da obra de Paul Bowles)
. O Último Imperador (1987, de Bernardo Bertolucci) - ganhou vários Óscares, entre os quais o de Melhor Filme e Melhor OST.
. O Renascido (2015, de Alejandro G. Iñárritu)
. Merry Christmas Mr. Lawrence, em português Furyo, Em Nome da Honra (1983, com David Bowie e R. Sakamoto entre os atores); a música que já aqui mostrei "Forbidden Colors", cantada por David Sylvian, faz parte da OST deste filme.

Já agora, os filmes são de ver se ainda não os viram.

*Qualquer um destes filmes faz parte da minha vida. À exceção de O Renascido e do filme de Almodóvar, dos quais gostei de forma diferente.
Os restantes são pérolas que possuo.
Os filmes e a OST.
Tal como R. Sakamoto.

Deixo-vos uma música de "O Pequeno Buda", mas foi difícil a escolha.
Ainda assim, acho que não ficaram a perder.
Espero que gostem.





Maya

Criado em: 1/4 13:53
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Comentário a "Convite à Loucura" de Aline Lima
sem nome
.
Link para o Perfil da Poetisa Aline LIma

O poema comentado (Análise 2) encontra-se no final deste meu texto. Podem lê-lo também através do link que aqui coloco (acima).




Olá, Aline.

Parto de um pressuposto: o narrador é uma poetisa, parte ativa, participante.
Aquilo a que os poetas chamam o sujeito poético ou o eu poético. Permito-me a liberdade de, sendo ainda assim um texto, ainda que não narrativo, chamar narrador a quem escreveu aquelas palavras, daquela forma.


Se formos procurar o significado de loucura no dicionário vemos que pode ser “uma alienação mental”, uma “imprudência”, uma “extravagância” ou “ato descontrolado ou irrefletido”.
Logo, um convite à loucura, à loucura da poetisa, é um pedido para que a “variável não prevista”, “você” (V.), se junte a ela nessa imprudência, nesse ato descontrolado, nessa extravagância.

Será que a tua alma é capaz de compreender e amar a minha loucura?
Aqui reside, do meu ponto de vista, o convite do título.
É capaz surge como sinónimo do que se lhe segue. Porque também poderia dizer-se:
Será que a tua alma compreende e ama a minha loucura? No presente, no agora, no aqui. Porque a extravagância assim o exige. Já! Não espera. Não pode. Não consegue. E é à sua alma que é dirigido o pedido. Ao âmago, à consciência, à essência de V.

Porque se rasga em versos, nas folhas finas do papel. Recolhendo fúrias...
O uso do verbo rasgar indica um fim de um quase-poema (os versos que vêm a seguir), quase-romance, quase-amor; porque as folhas são finas, frágeis, delicadas, como esse quase-. Recolhe-se, coleciona-se, junta-se o que aparece, ou não, para tentar preencher o que agora já não há. Procura-se encher. Mas existe revolta porque o que se recolhe, efetivamente, são fúrias. Para que servem? Para desgaste interno da energia acumulada naquele amor? Para que ajude a alienada a ganhar coragem, enfurecida como leoa, para alguma coisa ainda mais louca? Ainda que possa ser interna.

Temos alguém que, desesperadamente (um universo inteiro saindo do meu peito), procura que a alma de V. a compreenda e a ame naquele estado: à loucura que é sua, àquela alienação mental intrínseca, e entranhada. Pensamos, como leitores de um imaginário poético, que esse é o estado permanente da poetisa enamorada: louca, logo extravagante.
Mas continua: será que o teu infinito é maior que o meu? Ora, infinito é infinito... ou não?
É eterno, não tem fim (como adjetivo) ou tempo e espaço, o universo, o absoluto, o que a razão humana não pode alcançar (como nome) – a loucura?
Será que a tua loucura é maior que a minha?
Será que o teu universo é maior do que o meu? Recordo que o seu ela própria o rasga.

E se a loucura e o universo de V. forem maiores do que os dela, que fará com eles? Parece que já não os consegue alcançar.
É o sonho que lhe dá a resposta: enganar a vida, imaginar. Poupar palavras, como se começa.
Mergulhada, imersa na frieza: no gelo, na indiferença, pensamos.

Mas logo vemos que não. Porque o mundo tem infinitos diferentes, rasgam-se versos e há universos inteiros que se perdem. Um universo inteiro não é uma vida?

E do irremediável, se encontram soluções ímpares. Como tomar café e conversar com a própria loucura. Consigo própria!? Porque não se quer sozinha... porque se desperta a meio da noite, e se escreve, por imperativa necessidade, como que para gravar, recordar, memorizar, aquilo que existe apenas na imaginação.
Porque V. não respondeu...



Parabéns pelo excelente poema, querida Aline e por me ter proporcionado estes momentos de leitura e análise de que tanto gostei. Espero que goste também, como eu.

Beijinhos.



Convite à Loucura

Mergulhada na frieza, poupando palavras
Me rasgo em versos
Nas folhas finas do papel.
Recolhendo fúrias,
Um universo inteiro saindo do meu peito,
Me pergunto, será que o teu infinito é maior que o meu?
Será que a tua alma é capaz de compreender e amar a minha loucura?
Na dúvida, para não deixá-la sozinha, convido-a para tomar um café, somente nós duas.
Falamos da vida, falamos do tempo e de você,
A variável não prevista,
Como um sonho que me acorda no meio da noite
Trazendo a resposta para minha procura.
Desperto e escrevo o que não acontece, engano a vida.
Então imagino, só isso mesmo, apenas imagino.







Criado em: 31/3 21:42
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Re: Fotografia, poesia visual

Membro desde:
2/4/2012 17:15
De Brasília- Brasil
Mensagens: 606
Amanhecer.

Anexar ficheiro:



jpg  _I_1711847453380.jpg (58.69 KB)
15793_66094cf93d8ae.jpg 1080X1080 px

jpg  _im_1711847428928.jpg (72.80 KB)
15793_66094d1d97792.jpg 1080X1080 px

jpg  _I_1711847446316.jpg (83.49 KB)
15793_66094d3be260e.jpg 1080X1080 px

jpg  _I_1711847466681.jpg (78.00 KB)
15793_66094d5658902.jpg 1080X1080 px

Criado em: 31/3 11:48
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Re: A Música que nos inspira Nº 12 p/ Alice

Membro desde:
2/4/2012 17:15
De Brasília- Brasil
Mensagens: 606
Querida Alice,

Agradeço de coração por me presentear com essa música tão linda. Sua gentileza e carinho me deixaram muito feliz. Tenho certeza de que irei ouvi-la muitas vezes. Ela já se tornou uma das minhas favoritas.
Mais uma vez, obrigada.
Feliz Páscoa ! Beijos.


Criado em: 31/3 2:00
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Re: A Música que nos inspira Nº 12 p/ Aline
sem nome
.
.

David Bowie - um dos melhores músicos de todos os tempos. A todos os níveis. Havia tanto que pudesse pôr e dizer aqui.
Mas, no seguimento dos covers de que antes se fala, deixo também uma versão que, para mim, é mais dele do que ninguém.
O original é de 1957 de um músico que a criou para a banda sonora do filme com o mesmo título.

Nina Simone também tem uma versão linda.
Mas esta é, sem dúvida, a melhor.

Quando Bowie morreu, foi esta a música que ouvi, em primeiro lugar. A letra e a voz de Bowie fazem arrepiar.
E dedico a música à Aline. Espero que ela goste.
Aos restantes, o mesmo: espero que gostem. Boa Páscoa!

Deixo-vos apenas um bocado da letra que também se encontra no vídeo:
You touch me,
I hear the sound of mandolins
You kiss me
With your kiss my life begins
You're spring to me,
All things to me
Don't you know, you're life itself!






Criado em: 30/3 20:11
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Re: A Música que nos inspira p/ Aline Lima
sem nome
Olá, Aline.

Música de David Bowie, para mim, é música de génio.

Gosto de algumas versões (de outras bandas), algumas mais do que o original.
Neste caso, gosto mais do original. O início da dos Nirvana, mesmo não conhecendo a música, é logo do Bowie.

There should be a man that could sell the world

Obrigada, Aline.

Abraço Maya.

Criado em: 30/3 19:45
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Re: Comentário: "a verdade, o fogo e a desilusão" p/ RB e A.Maya p/ benjamin
sem nome
Olá, benjamin.

Obrigada pelo seu comentário à minha "análise" e pelo poema que escreveu.

De facto, não é minha pretensão concorrer com as duas pessoas que escrevem neste Espaço Crítico. Longe disso. O benjamin e o Rogério fazem-no tão bem que torna difícil a minha posição.
E confesso que devem inibir algumas pessoas com o vosso talento.

Ainda assim, e como gosto de escrever e de pensar, vou arriscar. Não me importo nada de ser a canuca ou caçula do sítio e de sentar ao lado de imperadores.

Boa Páscoa para ambos.

Abraço Maya!

Criado em: 30/3 19:33
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Re: A Música que nos inspira
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2/10/2021 14:11
Mensagens: 428
.
Gosto muito das duas. Aliás gosto muito de ouvir versões de canções, desde que o original e a releitura sejam interessantes.

A propósito, hoje estava a ouvir a TSF e saiu-me esta versão do Billy Idol. Fui saber mais sobre ela e descobri que a Angel Olsen andou a fazer várias covers de clássicos pop dos anos 80, desde "Forever Young" dos Alphaville à "Gloria" da Laura Brannigan.

Todas elas ficariam bem num episódio de Twin Peaks, no RoadHouse - Bang Bang Bar :)



A letra até que tem momentos fixes:
Hanging out by the state line
Turning holy water into wine
Drinking it down, oh


Criado em: 29/3 12:19
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Comentário: "a verdade, o fogo e a desilusão" p/ RB e A.Maya
Administrador
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2/10/2021 14:11
Mensagens: 428
.
Parabéns ao Rogério pelo poema e à Alice por esta incursão no Espaço Crítico, que esperamos que seja a primeira de muitas. Já se viu que capacidades e sensibilidade não lhe faltam -- e bons pretextos para análise literária também não :)
A propósito: gostei tanto do equívoco pirogamia/piromania, que escrevi um poema sobre o assunto. Se quiserem ler, é uma espécie de homenagem a ambos.
Abraços.

Criado em: 27/3 20:36
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