Fatos e Obviedades
Doçura não é falta de firmeza, sensibilidade não é fraqueza,
sinceridade não precisa ser sinônimo de grosseria e ser bom, não é o mesmo que ser tolo.
Silêncio não significa concordância. Compreensão está longe de ser subserviência.
Intuição, graças a Deus não é loucura !
E paixão, por ser intensidade , não deve ser confundida com falta ou qualquer tipo carência.
O amor inevitavelmente rima com dor,
traz em si contentamento, encanto
e também uma certa tristeza, mas por ser profundidade
e generosidade em essência, nunca,
mas nunca mesmo, nasce da vaidade, do orgulho e certamente não combina com superficialidade
ou falta de inteligência.
Estar perto nem sempre é estar junto, há saudades que são bem mais que uma ausência.
Viver passa depressa demais ... O tempo como um vendaval tudo traz, tudo leva, tudo desfaz.
Por sermos tão breves , sejamos leves.
O melhor que podemos fazer é nos deixarmos em paz.
É... A vida de vez em quando pode até ser doce,
mas assim como uma boa *rapadura, definitivamente, não é mole não.
*rapadura- doce de origem açoriana ou canária , produzido a partir do caldo de cana-de-açúcar de massa bem sólida, muito conhecido por ser uma sobremesa típica da região Nordeste do Brasil.
Noite Escura
O dia está partindo, eis que a saudade caminha e chega com o seu adeus.
Já é tarde, o anoitecer se apresenta e traz consigo a lembrança do amor que desconheço e apenas imagino os carinhos seus.
Não há luzes na cidade, só posso ver a escuridão no céu.
Mesmo se, uma constelação em frente
ao meu olhar brilhasse, tudo permaneceria no mais profundo breu.
Nem todas as estrelas do universo poderiam me iluminar, diante de mim, em toda parte,
há somente um denso véu.
Nenhuma sombra irá me assustar.
Pois, hoje em verdade, o escuro da noite sou eu.
O Amor E A Sua Solidão.
No amor não há misericórdia
descanso, ou solução.
Não há derrota ou vitória,
pecado, e nem mesmo salvação.
Não há certezas, nem respostas,
O amor nada e tudo comporta
não cabe em si, transborda,
no imenso vazio do que não se define,
é preciso em sua inexatidão.
O amor não tem começo, nem fim,
mas imensidão.
Nele inexiste o bom ou o ruim,
culpados ou inocentes, castigo ou absolvição.
No amor há amor somente, e sua solidão.
Devaneio
Tome a minha boca com paixão,
mostre-me o vigor do seu desejo,
entregue-me mais do que o seu coração.
Transforme tudo o que eu conheço, num beijo,
prove o gosto do pecado e da redenção.
Sinta o paraíso ao alcance do toque dos nossos dedos,
no livre bailar das nossas mãos.
Almas que se procuram, ideias que se encontram,
corpos que se entrelaçam e se misturam…
Querer que alimenta e devora, veneração.
Palavras que provocam, intensidade de quem adora.
Como não te sonhar ? Devaneio... Amor de perdição.
Sentir É Mais Que Saber.
Entendo o seu pensar com o meu sentir.
Eis a minha maneira de compreender,
sentindo, é assim que sei.
Sentir é muito mais que saber...
Quando razão alguma é capaz de explicar,
quem sente, entende.
Na emoção encontro o meu porquê...
Sentindo, faço viva a poesia, sei o que é vida,
perfeita sabedoria, sinto o que é viver.
Horizonte ( Dueto com Murilo Celani Servo)
Vida na arte pela contemplação ao mar
Olhos fixos pela harmonia do instante
Paralisante a alma que a cor ao olhar
Leva-a ao tempo de um infinito distante
Sem barreiras pela liberdade do voo e lugar
Na velocidade da luz que a torna brilhante
Respirando os sonhos pelo alcance do ar
Em que a visão pelo seu estado errante
No seu caminhar, andarilha do vento
Toca o sentir, transcende o sonhar
Desejar expresso no romper do firmamento
Viajante sem destino, além do seu tempo
no alvorecer do pensamento faz do céu o seu lar
Segredos confessos no silêncio do esquecimento.
Alma Liberta
Ilusão que entorpece, transfigura a realidade.
Vejo a ausência de cor dos dias que passam mas não acontecem,
quando quem que pode ser tudo, escolhe ser apenas saudade.
Num grito mudo ecoam as palavras que os pensamentos não esquecem, descortinam o véu, mostram a face da verdade.
Noites sem estrelas no céu,
na escuridão em que a vida se esconde,
morremos pelo conformismo da prudência covarde que nada arrisca, acorrentados à mesmice da mediocridade.
Mas eis que num vislumbre do absurdo,
por um instante de segundo os sonhos tornam a alma liberta.
Assim o poeta transcende o caos do mundo,
e testemunha o clarão da eternidade.
Reminiscências de Um Morto Vivo
Sei que diante do espelho não consegue mais se reconhecer.
O seu reflexo distorcido traz apenas tristeza e pesar.
Sua alma petrificada não mais sorri diante do que vê,
apenas os seu receio é capaz de lamentar.
E este seu medo é de quê ? É medo da vida ou é de viver ?
O horror deste mundo paralisado pelo conformismo
é o que deveria te assustar...
Um mundo sem amor, feito de covardia e egoísmo,
onde seu espírito foi vencido pelo comum,
em que você é apenas mais um e nada mais do que isso.
Condenado a viver dias iguais e vazios,
antes seu olhar tão singular e emotivo,
agora é ordinário e frio, desprovido de essência,
marcando uma existência sem propósito,
sem motivo.
Dos teus sonhos e desejos sobraram-lhe apenas reminiscências.
Lembranças cristalizadas, promessas esquecidas
no coração de pedra de um morto vivo.
Amores de Conveniência
Realidade fria, de amores ordinários e emoções vazias,
onde os sentimentos se curvam a conveniência.
Todos vagam sem intensidade , sem essência.
Rebanho obediente as mesmas regras, cordeiros vazios de verdades,
cheios da mais absoluta covarde prudência.
Relacionamentos pautados na frieza do pragmatismo e seus interesses racionais ,
sempre de acordo com o comodismo e a ignorância dos padrões sociais.
Corações de pedra adormecidos na capacidade de amar
e de serem amados dolorosamente esquecidos.
Resistentes ao despertar, vagando por noites escuras na ilusão de já haver amanhecido.
Quem não conheceu o amor pode até ser perdoado por se contentar com tamanha subserviência.
Agora para quem já o conheceu e se entrega ao mundo onde ele morreu , penitencia o pecado,
paga o preço amargo pela sua demência.
Incompreendido
Pensamentos seus que me consomem,
tanta vontade de conseguir te ler...
Acabar com os espaços que te afastam
e te levam de mim,deixando aqui
o que eu não sei de você.
Na ausência dos dias que não acontecem, castigo,
adormecem a minha razão, emoção e sentidos.
Saudade, certeza da felicidade
que eu não sei deixar ir embora.
No vazio que me completa, eternas horas,
na presença do amor arredio
que mostra o seu desejo de estar só.
Naquilo que me dói procuro abrigo,
lembrar o melhor,
o meu querer nunca esquecido.
A chuva lá fora, até parece que chora
é triste a certeza do que não quer ser compreendido.