Amor de Poeta
Nessa vida insana, meu amor às cegas,
é entrega intensa, infinita , completa.
É sentir sem tréguas, sem limites, sem regras.
Amor de alma, de poeta.
É sonho que a realidade engana,
que me salva de mim.
Que me traz e me leva além do desejo
e ao ordinário profana.
Querer que a nada se nega,
que por todos os instantes do tempo me chama,
realiza o seu destino,
eterniza-se o meu começo e o meu fim,
reconhece a minha essência em si,
e a arte do encontro proclama.
Horizonte ( Dueto com Murilo Celani Servo)
Vida na arte pela contemplação ao mar
Olhos fixos pela harmonia do instante
Paralisante a alma que a cor ao olhar
Leva-a ao tempo de um infinito distante
Sem barreiras pela liberdade do voo e lugar
Na velocidade da luz que a torna brilhante
Respirando os sonhos pelo alcance do ar
Em que a visão pelo seu estado errante
No seu caminhar, andarilha do vento
Toca o sentir, transcende o sonhar
Desejar expresso no romper do firmamento
Viajante sem destino, além do seu tempo
no alvorecer do pensamento faz do céu o seu lar
Segredos confessos no silêncio do esquecimento.
Vento
Gosto do vento, porque ele não tem forma,
porque ele pode ir e vir de qualquer lugar, sem que ninguém possa vê-lo, e ainda sim ter a certeza de que ele está lá.
Aprecio o sentimento de liberdade que somente o vento me dá, a sua capacidade de constantemente mudar.
Admiro que ninguém possa tê-lo, e que a todos ele possa tocar.
Vento que transforma, que traz e que leva , que me faz voar .
Me arrebata num vendaval, ou me acaricia numa suave brisa.
Seja sopro ou ventania...
Vento que me hipnotiza... Que me faz sonhar.
Na sua lógica natural e intangível, prova que nem tudo o que é real, é necessariamente visível.
Gosto do vento porque ele me faz crer...
No impossível.
Que existe muito mais do que meus olhos podem ver.
Gosto do vento , porque ele me lembra você.
Além da Essência ( Dueto com Murilo Celani Servo)
Nesta manhã saboreei a mais forte da saudade
Agora mesmo pensei, onde tu andas neste instante?
Desejo tão distante, razão que me priva a liberdade.
Lá fora um sol provocante, luz que te brilha radiante.
Na escuridão o vazio da tua ausência me invade,
Nem o tempo da eternidade me dá de ti o bastante,
Tu, que a tudo completa, faz inteira a minha metade.
Vem... Ilumina a realidade, amor da minha alma amante.
Em cada verso meu coração em fogo, é rima, é o grito.
Do amor errante e infinito, que me transcende a paixão
Além em essência, ao teu espírito, em forma do escrito.
Palavras perdidas, sentimento maior a tudo o que já dito.
Amor que desperta a vida e os sentidos, seu lugar é a imensidão.
Cumpra o seu destino, traga para a ilusão o real que te faz mito
Sete Dias.
Sete dias...
Brincadeira no céu,
menosprezado, abaixo da terra,
o querer de tristeza morria,
encanto que se perdeu.
Sete dias...
Tempo suficiente para criação do mundo,
e também para a certeza do luto.
Há sempre um morrer,
quando o amor diz adeus.
Despertar
Já não me assusta a escuridão do que vivi,
essa lucidez não me machuca mais.
Encontrei a minha proteção, no meu ser tenho a poesia,
a acidez das palavras vazias o meu espírito agora não corrói.
Nem mesmo a tristeza do despertar dos dias ainda me dói.
Nada nessa realidade ainda me serve , me engana ou me feri,
Verdades prontas não me interessam,
convicções impostas não me convencem,
doutrinas corrompidas e suas mentiras convictas
não me movem, ignoro o que as suas cegas certezas professam.
Restou-me o viajar no tempo...
Sentir na chuva que carrega o vento,
minha eterna espera,a promessa perfeita
que sempre me traz,
um futuro que não acontece e que em mim não se desfaz.
Brasas
Vivemos e morremos...
Passamos pela vida como estrelas cadentes riscando o céu.
Feitos de eternidade nos perdemos no efêmero.
Instantes de viver, algum calor e claridade,
momentos de luz para aquecer e clarear o inverno.
No calor do fogo, numa grande e linda chama,
de uma vez só queimemos...
Todos morrem , poucos vivem,
e no fim, brasas é o que temos.
Inteiros de muitas partes,
cada qual com a sua alegria e a sua dor,
seu paraíso e o seu inferno.
Nascemos certos do morrer,
mas antes, que o viver venha primeiro.
Indolência do Pensar
Trajetórias definidas, almas esquecidas,
vida que segue sem caminhar.
Realidade corrompida na indolência do pensar.
Esperança perdida, solidão do tempo que passa sem se notar.
Diante o espelho, deformidade refletida,
imagem do pesar.
Solidão ressentida, ausência imposta, calculada e medida,
quando o comodismo limita o sonhar.
Visão obscurecida, dormência do sentir,
acende-se a escuridão do olhar.
No silêncio a voz que se faz sempre ouvir ,
mesmo a quem não pode-se mais chamar.
Impeça o partir, desobedeça a ordem estabelecida.
Volte a si, livre, ouse amar.
A Quem Pertence o Silêncio
Nunca compreendi o vazio que o silêncio tantas vezes traz.
Não o silêncio tranquilizador do contato com nós mesmos,
mas aquele silêncio que desarmoniza e perturba, que nos tira o sossego,
que em segredo nos rouba a paz.
Não há nada mais doloroso do que o silêncio que ao coração nos fala,
que ecoa no peito o som das lembranças que tanto queremos esquecer.
E o teu silêncio, diz tantas coisas... Quando o teu amor cala,
mesmo havendo tanto ainda por dizer.
O teu silêncio grita uma angústia muda e ressentida,
demonstra a mais profunda expressão do desinteresse e desprezo,
sobre ti mesmo e sobre a vida.
No teu silêncio os teus sentimentos despertam,
mesmo que você os queira adormecer.
Nesses segundos sem palavras os teus sonhos teimam em renascer.
Ninguém foge pra sempre de sentir.
Ao falar pode fingir o que não sente, mas no silêncio
não há como mentir.
No silêncio todas as verdades ousam viver.
O teu silêncio pertence a mim e o meu pertence a você.
Eternos ( Dueto com Murilo Celani Servo)
ETERNOS ( Dueto com Murilo Celani Servo)
Rejeito o teu adeus em versos e poesia
Pelo retorno da cor, de além da essência
Com a sintonia que resgata a fantasia
Das profundezas dos sonhos à existência
No ruir dos tempos, a alma em fogo evidencia
Versos incendeiam e gritam a sua urgência
Rima transcende a ilusão e o real recria
Calor e vida preenchem o vazio da ausência
A cada manhã que se afoga na saudade
Com olhar brilhante perpetuado na flor
Do desejo por ti que a minha alma invade
Exceder o efêmero reencontro, encanto e furor
Entre o raio e o trovão, instante feito de eternidade
No temporal transcendemos, eternos, somos amor.