Ser, sou quem fui
como a vida me falou
e a palavra flui
em mim, e nos lábios se afogou.
Sem saber esquecer
passei por ti
num passo largo, a correr,
fui por aqui, e por ali.
Deixo-me e todo o resto
passa em vão
por nós, então empresto
a todos um coração de cartão.
Como uma espécie de oferenda
embrulhada em papel sujo
e tosco, uma prenda
que solto no ar, e fujo.
Ser sem saber
é bastante difícil
quando tento ver
além de mim, um inútil.
Que oferece ao outro
um coração inquebrável
que talvez seja como ouro
em peito improvável.
Sou quando sei
aquele que se quebrou
olho-te e saberei
que a minha insanidade se colou.