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Rejeição

 
Sou carne da minha carne
Pedaço de lama atirado ao vento
Na raiva que domina o pensamento

Sou o fardo que ninguém quer
Sou alma doente de um perigo iminente
Que paira sobre o malmequer

Sou tormento mais amargo que o fel
Lenha incandescente na mão do inimigo
Em chama ardente queimando-lhe a pele

Sou lixo oriundo das Índias
Que a ventania traz consigo
Sou o Outono da Primavera
Nuvem negra no céu azul
Sou ruína cercada de hera
Triste fim de uma quimera
Que habitou os mares do Sul

Sou sangue do teu sangue
Rejeição da tua carne
Sou náufrago angustiado
Num Oceano tenso e revoltado

Sou pó que a Terra arde
Choro desconsolado
Cria privada de correr

Sou fruto dum gesto viciado
Que por ti foi rejeitado
Num longo caminho a percorrer…

Manuela Fonseca


Manuela Fonseca
_______________
http://ensaios-poeticos.blogspot.com

 
Autor
Manuela Fonseca
 
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Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 04/07/2007 09:46  Atualizado: 04/07/2007 09:46
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: Rejeição
Muito forte amiga. Mas penso que quando vítimas de rejeição é mesmo assim que nos sentimos

Beijinhos


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/10/2008 19:50  Atualizado: 14/10/2008 19:51
 Re: Rejeição
Não tenho palavras, porque emocionou-me a leitura do seu poema!
Já é terceira vez que me acontece aqui no Luso.

Admiro muito o seu uso da palavra.

Beijinhos