Luso-Poemas
 
Poemas -> Reflexão : 

REVOLTA

 
Rasguem os livros de poemas!
Rasguem os poemas de todos os poetas!
De todos quantos sonharam a vida, vivendo-a!
Que amaram a vida, amando-a!
De todos os que respiraram o amor universal e etéreo
Amaram tudo e toda a gente
E o mais que nem era gente
Apenas porque se movia, respirava, via
Ou simplesmente existia
Sem a consciência de existir!
Mesmo por eles, os sem consciência,
Era nutrido um sentimento mais puro, mais digno
Que os elevava à condição concreta de seres
Porque respeitavam o mundo tal qual o sentiam
Porque era importante aquela forma de vida!

Porque esses, os desinteressados de tudo
Os vadios da existência
Imbuídos por sentimentos que desconheciam
E que nem era importante compreender
Que manifestavam sentimentos ignorados
Pegavam num poema qualquer e riam-no
Rabiscavam na orla da página qualquer coisa imperceptível
E em dias de austeridade e cansaço pensavam
Aprendiam nesses dias uma nova dimensão da vida
Rasgavam as trevas da intolerância
Existiam e eram gente
Se havia um túnel desbravam a luz
De enxada na mão, sulcavam caminhos
Ainda que nem tivessem a precisa noção da dimensão do acto
Porque não era preciso ter, nem conhecer, nem saber!

Porque esse, os vadios de quem ninguém se lembra
São o meu poema!


(Escrito à luz de uma vela, porque não há luz eléctrica. Depois de lido aconselha-se o seu uso numa casa de banho… Sempre terá alguma utilidade.)


antóniocasado
Para o Luso Poemas
11 Abril 1995

 
Autor
antóniocasado
Autor
Textos deste autorMais textos
Rss do autorRss do autor
EstatísticasEstatísticas
 
Texto
Data
Leituras
2705
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
Enviar este texto a um amigoEnviar
Imprimir este textoImprimir
Salvar este texto como PDFCriar um pdf
29 pontos
13
0
2
Recentes
Lançamento do romance O POETA DA LUA évora
ROMANCE POETA DA LUA
POETA DA LUA
TRECHO DO POETA DA LUA
POETA DA LUA TOMO 1 - PEQUENO TEXTO
Aleatórios
RECADO PARA PAULO SAMUEL
PROMETO
FOLHA CAÍDA
NÃO ME DIGAS NADA
SE DISSER QUE TE AMO
Favoritos
Mundo que em sonhos criei
Amputaram a minha voz
Que me importa?!
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 20/12/2009 00:24  Atualizado: 20/12/2009 00:24
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16277
 Re: REVOLTA
Bom tudo, poeta! Ouvi o teu grito e gostei! É notório a habilidade no manuseio das palavras e no conteúdo proposto. Um prazer conhecer-te, querido amigo! Fica bem e continue nos brindando com tua arte. Até a próxima leitura!


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 20/12/2009 00:28  Atualizado: 20/12/2009 00:28
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 19295
 Re: REVOLTA
E o pulso pulsa...parabéns pelo poema! bjs



Enviado por Tópico
Fhatima
Publicado: 20/12/2009 00:58  Atualizado: 20/12/2009 00:58
Membro de honra
Usuário desde: 12/02/2008
Localidade: Joinville - SC
Mensagens: 3335
 Re: REVOLTA
Olá António,

É a primeira vez que tomo contato com as tuas palavras e confesso que fiquei embevecia pelo grande e surpeendente talento!

Um Feliz Natal!


Fhatima


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 20/12/2009 02:06  Atualizado: 20/12/2009 02:06
 Re: REVOLTA
Impossível nao lembrar de palavras tao intensas.


Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 20/12/2009 02:27  Atualizado: 20/12/2009 02:27
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: REVOLTA
Um poema forte, inquietante e um sábio grito de revolta.

"Porque esse, os vadios de quem ninguém se lembra
São o meu poema!"

Adorei o poema António e estou a ficar fã da tua poesia.

Beijinhos


Enviado por Tópico
Egéria
Publicado: 20/12/2009 14:21  Atualizado: 20/12/2009 14:21
Usuário desde: 28/09/2009
Localidade:
Mensagens: 947
 Re: REVOLTA
A sua escrita é francamente poderosa!!!
Beijos e parabéns.

Links patrocinados

Páginas em

Páginas sobre