Pântano

Nem só de límpidos rios faz-se o poema, Alexis.
Gostei do pântano!
Bjins, Betha.

Alexis, fez-me lembrar este texto que escrevi faz tempos aqui.

Barca do desalento

Procuro os amigos que não encontro nesta balsa de desalento onde apesar de tudo sou vara na ré.
Há um lodo no fundo sulcado de cada um.
A faca só mata quando enterrada na carne. Para matar a alma é preciso um alguidar que não tenha fundo. Que adube a terra de um sangue bem mais raro.
Para ser dador basta não ter mão no gume, para ser vítima nem sequer faca.
Procuro os amigos na proa da minha viagem sempre, e nem sempre os encontro.
Ser traído é como perder um castelo, mesmo que lá dentro viva um monstro.
A bela serás tu sempre, sem nunca teres precisado de te descalçar à entrada ou perderes um sapato à saída.
Tenho uma pedra num. Foi-me vomitada pelos rins, num dia de nevoeiro, em que pensei ver um palácio feito delas.
Chamava-se «amizade» e era sólido, mas depois descobri que tinha sido edificado com o suor dos parvos.
Por isso vou sozinho nesta barca de noz, por isso olho para dentro de mim e descubro a foz.
Sou o destino mais curto entre dois pontos, uma viagem que afinal nem começa. Porque a chegada será sempre partida, porque começa onde não acaba.
Por isso vou sozinho, desatando os nós de nós.
Como se o mar puxasse para dentro de mim a cada braçada.

Não sei bem porquê.
Beijo

Poema bem ritmado, descritivo, com várias leituras possíveis. Gostei.

Bj

pena que não se possam olhar e sentirem-se lodo que são.

bj
Eduarda

É nesta, na poesia sóbria e realista que me encontro comigo mesma, adorei o poema, beijinhos

há poemas que são autênticos pesadelos, mesmo na aparência de palavras bonitas...
Beijo

há seres cujas características congénitas apenas lhe permitem sobreviver nos pântanos, tal como há seres que apenas se alimentam de outros seres mortos ou em decomposição.

um beijo

Este pântano
ficou de pantanas...
rss

Um abraç0!

*Abílio*

este habitat está bem preservado para "bem" da biodiveridade ehehhe!

beijo

vivemos todos num pântano só se enterra quem quer e deixa.

Andam ratazanas no esgoto
e muitos ainda lhe caiem no goto
só para apanhar mais um voto
e no fim de tudo o que noto
é um povo malcheiroso e devoto
do que se faz de vítima e de Santo!

E tu bem recrias-te a cena
tão mundana e tão terrena,
e só tenho muita pena
que se degladiem na arena
em vez de fazerem uma novena
para a crise ir de quarentena!

N BEIJOCAS
E COLORIDAS
PIPOCAS!

Maria*+* *+*

Leitura puramente pessoal, esses seres existem e acreditam em si de uma maneira desconcertante, pois mundo não há. E ficamos pensando em que mundo estamos? Vou tomá lo como meu, como meu se eu o tivesse escrito,mme entende? bjs

Apenas uma vez dei nome a um poema e tu o leu, como
sempre faz, com olhos limpos, coisa especial, agora se me permite, leio como meu...