Poemas : 

Infortúnio

 
Infortúnio


A tarde infinita deu adeus
Deixando meus pés doídos e inchados
Não sinto cansaço nem fome, na verdade não sinto nada
Nada que valha apena, nada além dessa febre
Que me queima o juízo com lembranças distorcidas
São duas bolas negras e iluminadas
São idéias antes impregnadas e agora vagas
Uma fumaça que insiste em nublar
Uma garrafa de vinho pela metade
Uma gilete em cima do prato empoeirado
São diabos me zunindo aos ouvidos
Me fazendo perceber que nada que eu quis eu sou
E perfuram o meu peito com seus dedos afiados
Os mesmos que apontam minhas mazelas e culpas
Já não importa se as crianças estão brigando
Ou se a música está muito alta, ou se o cachorro sujou tudo
Já não importa se o que dizem é verdade
Ou se é uma mentira deslavada, ou se todos se calaram
Até as palavras fogem de minhas mãos trêmulas
Escondendo assim, o incorreto e o indecente
E todos os fantasmas, dessa forma, presos
Assombram sem piedade minha sucumbida mente
O tremer das carnes embaralham tua imagem entre sorrisos e lágrimas
E o medo entrelaça suas mãos em meu pescoço
Como se viesse o último suspiro, mas não existe passagem
Só uma alma decepcionada e presa
Deus, santos, orixás, oxalás
Todos ilusionistas com crédito na praça


 
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cesarmelo
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