Poemas : 

Como se Morre de Velhice

 
Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.

Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.

De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.

(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)


Cecília Benevides de Carvalho Meireles
( 07/11/1901 — 09/11/1964)
Autores Clássicos no Luso-Poemas

 
Autor
Cecília Meireles
 
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Enviado por Tópico
Henricabilio
Publicado: 05/08/2010 06:15  Atualizado: 05/08/2010 06:15
Colaborador
Usuário desde: 02/04/2009
Localidade: Caldas da Rainha - Portugal
Mensagens: 6963
 Re: Como se Morre de Velhice
cada vez mais a indiferência
se transforma em mortal doença!

Um grande poema, naturalmente!!

Um abraço0!

Abilio***