Da minha janela indiscreta
Quando ela estava aberta
Risonha te via passar.
Teus lábios tinham o sorrir
De um cravo que ia abrir
Numa noite de Luar.
18 anos, tinhas então
Ávidos de esperança e de ilusão
E eu te queria falar de amor.
Eu tinha quase quarenta
Mas isso não era tormenta
Eu queria ser teu confessor.
Queria ser o teu caminho
Ser o teu amor e teu carinho
Para mim serias uma flor
Onde eu posaria com amor
Meus lábios sobre o teu corpo
E nesse momento de conforto
Só poderia-mos conjugar
Esse tão lindo verbo amar.
Neste louco, louco mundo
O meu amor assim profundo
Eu te o queria oferecer.
Queria ser teu amante
Um dia, uma noite, um instante
Fazer de ti uma mulher.
Mas a tua bela juventude
Sofreu um golpe rude
E eu não paro de divagar.
Minha janela continua aberta
Mas a rua está deserta
Não te vejo mais passar.
A. da fonseca