Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 016

 
Tags:  Marcos Loures Sonetos  
 

1501


Amar é se perder em mansa chama
Na cama que se inflama do desejo.
Vencido pelo urdido enredo e trama
Formoso sentimento traz lampejo...

Nas labaredas queima, já me abrasa,
Das flores mais gentis, cravando espinhos.
Bagunça totalmente a minha casa,
Já me embriaga em sangue, tintos vinhos...

Consagro meu amor a quem me queira
Da forma mais serena e mais sedenta.
Deitado nesta rede, nossa esteira;
Voracidade intensa, me arrebenta...

São puros e profanos, sem pecado,
Nos dedos e na boca, meu recado...


1502

Amar é se perder em mansa chama
Na cama que se inflama do desejo.
Vencido pelo urdido enredo e trama
Formoso sentimento traz lampejo...

Nas labaredas queima, já me abrasa,
Das flores mais gentis, cravando espinhos.
Bagunça totalmente a minha casa,
Já me embriaga em sangue, tintos vinhos...

Consagro meu amor a quem me queira
Da forma mais serena e mais sedenta.
Deitado nesta rede, nossa esteira;
Voracidade intensa, me arrebenta...

São puros e profanos, sem pecado,
Nos dedos e na boca, meu recado...

1503

Amar é se saber pobre refém
Ao mesmo tempo algoz e vil carrasco,
Amar é perseguir o mesmo bem
Que leva e que nos salva do penhasco.

Amar é conseguir o nada feito
Depois sair sorrindo, sem saber
Que tudo neste mundo contrafeito
Por vezes nos ajuda e faz viver...

Amar é não querer a liberdade
Embora nos dê asas p’ra voar.
Amar é se esquecer de ter saudade
Depois a vida inteira quer chorar...

Amar é nossa força que resiste,
Embora todo amar, seja bem triste...


1504


Amar e ser além do quanto pude,
Países tão distantes, tua imagem,
A luz que refletindo esta paisagem
Permite nos amar tanto e amiúde.

Manhã que ensolarada nos ilude,
Das luzes nos traduz cada mensagem,
Ao infinito tento esta viagem,
Mesmo que este cenário ainda mude.

Seguir cada cometa. Um bumerangue,
Do lume à podridão, pântano e mangue,
Matizes que perfazem a emoção.

Vibrando num delírio inconcebível,
E do inimaginável, crer possível,
Morrer na placidez de uma paixão


1505

Amar e ser amado, empresa grata
Moldando cada sonho que aprouver
No canto em louvação a ti, mulher
O coração em febre se arrebata,

A dor já bem distante nem maltrata
Vencida pelo amor. Ao perceber
Nos braços de quem ama tal prazer,
A lua se derrama imensa, em prata.

Não deixo de saber quanta avidez,
Amor já se permite ao desejar
Fazer deste teu corpo o seu altar,

Provido de insânia, insensatez,
Aguarda num momento feito em méis,
Tramar nas ilusões, claros corcéis...


1506


Amar e ser amado é como um jogo
Aonde ao nos perder logo ganhamos,
Não reconhece preces nem um rogo,
Uma árvore frondosa em tantos ramos.

Preciso deste amor que venha logo
Decerto neste sonho nos achamos,
Querida se brincarmos mais com fogo
Depois que formos ver já nos queimamos...

Um grande amor é sempre uma ilusão
Que vale muito a pena ser tentada.
Um risco que se corre em tentação,

Vagando sem limites pela estrada
Que às vezes nos trará tanta emoção
Porém em outras vezes dá em nada


1507

Amar e ser amado. Perfeição
Que encontro em cada verso que me fazes,
A vida como a lua, tem as fases
Diversas onde mostra que afeição

É feita em verdadeira sedução.
Carinho e tanto amor, querida, trazes,
Desejos e vontades tão vorazes
Que formam nosso canto em devoção.

O tempo não me importa, quando ou onde,
Apenas sei um sonho já se esconde
Nos olhos da morena mais fogosa.

Vivendo o nosso amor, tanta beleza,
Eu sinto nos teus braços, fortaleza,
Tornando a vida, enfim, maravilhosa...




1508

Amar e ser feliz: sonho perfeito,
Embora tantas vezes impossível.
Fazendo da alegria um grande feito,
Percebo a tua luz, mulher incrível

Mostrando que o amor é meu direito,
Felicidade é um sonho bem plausível.
Desejo desde agora satisfeito
Alçando os sentimentos noutro nível.

Eu quero te louvar a cada verso,
Jamais de teu caminho, irei disperso.
A chama que me guia e me conduz

Imerso em fantasias posso ver
Que,deusa da alegria e do prazer
Tu és a minha glória feita em luz.



1509

Amar é ser feliz e sofrer tanto,
Vencido pelo gozo e pela dor,
Em faces pavorosas, meu encanto,
Trazendo paz em forma de furor.

Amar é ter na vida, doce espanto,
E ser astucioso e sedutor,
Desafinar enfim em cada canto,
Depois de tudo, ser um amador.

Amar é ser qual cego em luz intensa,
Beber da tempestade, com sorrisos,
Descer em pleno inferno aos paraísos,

Querer do nada eterna recompensa,
Amar é ter; portanto, e nada ser,
É mesmo derrotado, assim, vencer...




1510

Amar e ser feliz:
Jamais eu consegui
E vendo então aqui
Diverso do que eu quis
O todo em cicatriz
E nisto tramo em ti
O tanto que perdi
E sigo por um triz
Vagando sem saber
Aonde possa achar
Sem sol e sem lugar
Ausente do prazer,
Aos poucos perceber
O quanto é vão sonhar.


1511


Amar é ser fiel à perfeição
Que a vida esculturou em sonho e glória.
É ter por outro alguém dedicação
Vivendo intensamente, a louca história

Que traz, todo momento, uma emoção,
E mesmo que não seja só vitória
Amar é perceber quanto o perdão
nos apascenta em vida merencória...

Eu quero estar contigo, sem disfarces,
Amando sempre mais e bem mais forte
E mesmo que em algum dia isso se acabe

Sejam felizes nossos desenlaces,
Amar é ter sublime nosso norte,
É saber conter mais do que nos cabe...



1512

Amar é ser insano
E nisso boto fé,
Um gozo soberano
Depois de um cafuné
Querida, eu não me engano
Amar sempre dá pé,

Bailando sem cansaço
No corpo mais gostoso,
Saber que cada abraço
Num toque fabuloso
Estreita mais o laço
Em promessas de gozo.

Vem logo e assim decida,
O bem em nossa vida...



1513

Amar e ser liberto a cada dia,
Sedenta sensação: felicidade.
Arguto coração já percebia
Nos olhos de quem amo; a falsidade.

Por vezes embaçando a claridade
Olhar enamorado nada via,
É duro perceber a realidade
Misturas que compõem a fantasia.

Cativo coração, teu prisioneiro,
Não deixa nem sementes sobre o solo,
A morte não me serve de consolo,

Distante de um amor mais verdadeiro
Sabendo no teu peito, este deserto,
Do amor que não tiveste; já deserto...


1514
Amar é ser mais dócil e mais audaz,
Guardar-se com as garras afiadas.
Embora num carinho pertinaz
Mansas docilidades reveladas...

Amar é ser revolto e buscar paz
Com formas e vontades demarcadas.
Loucura em mansidão amor me traz
Nas nossas incursões nas madrugadas...

Amar é ser o bem, saber o mal,
Viver e se entregar, mostras as presas.
É quase que uma prece sensual...

Amar é não portar nenhum pecado,
Abrir as portas sempre com defesas
Tão doce quanto o mar Morto e salgado...


1515

Amar é ser prazer e sacrifício.
Verter uma ilusão e ser feliz
Saber o que se quer. Do chafariz
As lágrimas imitam, precipício.

Além de simplesmente um tolo vício,
Amar é procurar o que se quis
Nos olhos de outro alguém que se desdiz
Roubando da emoção, profano ofício.

Viver e renascer, eternidade,
Que às vezes, transgredindo a liberdade,
Transforma a escravidão em bem supremo.

O olhar que me afagando, busco e temo,
Aguando sutilmente o meu canteiro,
Por certo, transgressor e milagreiro...



1516

Amar é ser; por certo, venturoso,
Embora uma tristeza seja a paga.
A fonte da alegria traz o gozo,
Porém toda uma mágoa nos afaga.

Na mão que mostra um sonho mais formoso,
Se esconde bem guardada dura adaga,
Do rosto que se mostra belicoso
Uma doçura imensa nos alaga.

Amar é padecer em alegria,
Unindo duas vidas tão estranhas.
Na nuvem que por vezes nos cobria,

Visão maravilhosa das montanhas.
Não tema o sentimento, a fantasia,
O jogo, belo amor, tu sempre ganhas!



1517

Amar é suportar as diferenças,
Dançar conforme a música e sonhar...
Saber que tantos mares tantas crenças
E cada vez que cai, se renovar.

Amar é se saber bem mais distante
E perto ao mesmo tempo em que se esconde.
Trazer uma esperança radiante,
Pensar que se perdeu sem saber onde.

Em fartas emoções não se fartar,
Em loucas ilusões saber o rumo.
Vivendo o que pensara ser luar,
Ao mesmo tempo em que triste me arrumo.

Amar é não saber qualquer pecado,
Trazendo um paraíso ao ser amado...


1518

Amar é tão gostoso
Não nego minha cara,
Carinho mais zeloso
Na cama nunca pára,
Corpo delicioso
Um coração dispara....

A festa que alucina,
De amor e de prazer,
Brilhando na menina
Vontade de fazer
Do amor certeza e sina,
Sentindo o bom de ter

Desnuda em minha cama
Revigorando a chama...



1519

Amar e ter a paz que necessito,
Depois de tantas vezes seguir só,
Um sonho realmente, mais bonito,
Tratar este carinho à pão de ló...

Há tanto que este sonho fora escrito,
Das dores e tristezas, nem o pó.
Felicidade enfim, não é mais mito.
Nem quero estar exposto à pena e à dó.

Jamais me arrependi de ser contigo
Além de simplesmente um companheiro.
O amor quando se torna mais amigo

Servindo ao caminheiro como abrigo,
Permite que se veja por inteiro
O apogeu da glória que eu persigo...


1520

Amar é ter certeza do que quer
Seguir a correnteza até a foz
Ouvindo da emoção em paz a voz
Sem medo da tempesta que vier.

Sentindo este perfume da mulher
Que um dia ao realçar supremos nós
Matou um pesadelo tão atroz
E faz do sentimento o que quiser.

Ouvindo este chamado eu não descanso,
Aos braços deste sonho enfim me lanço
Nas setas de Cupido eu me feri.

Mas sei que agora vivo plenamente,
No gozo da alegria que se sente
Somente quando estou junto de ti...




1521

Amar é ter certeza
Dos passos que se dão,
Saber que a sobremesa,
Já vale a refeição,
É crer nesta beleza
Que envolve uma paixão...

Eu quero te sentir,
Deitada em minha cama,
Desejos a pedir,
Acendendo esta chama,
Que vem nos invadir,
Mostrando o quanto se ama.

Nos astros que nos cobrem,
Prazeres se descobrem...




1522

Amar é ter os olhos no futuro,
Vencer os meus cabelos já grisalhos,
Sabendo desfrutar destes atalhos
Saltando como um jovem, qualquer muro.

Nos laços deste amor eu me depuro
Fazendo dos carinhos, agasalhos,
Revendo os passos ermos, atos falhos,
Tornando o caminhar bem mais seguro.

Voltar à mocidade de repente,
Na fonte de uma eterna juventude.
No abraço carinhoso, a gente sente

Que pode reviver adolescências.
Ao permitir que a sina agora mude
Espalha em minhas sendas florescências...



1523




Amar é traduzir em sentimento
A fonte inesgotável da esperança.
Quem ama não esquece um só momento
E o sonho mais gostoso já se alcança

Tornando bem mais forte o pensamento,
Chamando a companheira para a dança,
Amar é vislumbrar mesmo em tormento
Delícia que não sai mais da lembrança.

Amar é ser menino eternamente
E ter das incertezas o seu mote,
Beber a vida até que seque o pote

Depois querer bem mais e novamente,
Amar é ser feliz e não saber
Do quanto amor permite um bem viver...



1524


Amar é transbordar felicidade
Não é ser singular, é ser plural.
É conhecer a vida de verdade,
Vagar, com pés no chão, por todo astral.

Amar é conceber a liberdade
E sempre querer bem, negar o mal,
Potência que se faz força e vontade,
Sem artifícios ser mais natural...

Eu quero todo encanto deste amor,
Que é por apenas ser e nada mais.
Um paraíso em canto, salvador.

No versejar alegre e tão festivo,
Trazemos nosso amor, que é feito em paz,
Do qual e pelo qual, respiro e vivo!



1525

Amar é transbordar
Além do sentimento
O quanto mais atento
Pudesse caminhar

E sei quando vagar
Vencendo qualquer vento
Sabendo deste alento
Aonde possa arcar

Com erros, desengano
E mesmo quando dano
O mundo se refaz

No amor eu quero e posso
Viver além destroço
Vagando em plena paz.



1526



Amar é transfundir uma emoção
Qualificando a vida em força plena
Sentir bater mais forte o coração
Em tempestade imensa que serena.

Vagar quase sem rumo na amplidão
É benção que tão mágica, envenena,
Beber do sofrimento e ter em vão
A sensação cruel e mais amena.

Segredos que trocamos; quais mistérios
Implícitos em versos e palavras,
Amar é descuidar-se dos critérios,

Colher uma alegria em dor que lavras,
Percebo nas mensagens que me mandas,
Que amor em si já traz cura e demandas...


1527


Amar é transgredir as várias normas
Impostas pela tal serenidade.
Eu quero ter amor de tantas formas,
Vivendo em absoluta liberdade...

Não posso desprezar tua fiança
Nem posso discutir mais meu futuro.
Amando teu amor, aventurança,
Que faz iluminar meu mundo escuro...

Escuto tua voz solta no vento,
Chamando para a festa mais insana.
Mergulho sem temer ressentimento,
A noite em teus carinhos, já me ufana...

E sinto como é bom ser tão amado,
É como ser por Deus, condecorado!



1528


Amar e viver tudo o que eu puder
Num sonho que se encharca de alegria,
Nos braços carinhosos da mulher
Que tanto desejei, tanto queria.

No gozo da alegria que vier,
Roubando a claridade deste dia.
Amar e ser feliz, raro prazer;
No vento tão suave... Fantasia?

Minha alma na pureza diamantina
Aguarda o teu sorriso sensual,
No fogo da paixão que me alucina

A doce sensação de eternidade.
Estrelas carregando no bornal
Irradiando paz e claridade...


1529


Amar eternamente esta menina
Na terna sensação de plenitude
O gosto de um desejo já domina
Renova o coração em juventude.

Bebendo da alegria em justa fonte
O sonho mais gostoso se permite.
Abrindo uma esperança no horizonte
Amor se renovando, sem limite.

A cada novo dia, um raro encanto
Demonstra a perfeição do amor tão belo.
Desejo em todo verso, o doce manto

Que é feito deste sonho em quer revelo
Amor em emoção/felicidade,
Alento ao coração. Em mocidade...


1530


Amar eternamente,
Um sonho delicado,
Vivendo calmamente
Pra sempre do teu lado.

Amor como o da gente,
Pra ser comemorado
Transforma, de repente,
Num mundo iluminado.

Querida eu te encontrei
Nas curvas do caminho,
Nas noites que varei,

Distante e tão sozinho,
Agora, amor eu sei
Coberto de carinho.



1531


Amar eternamente... doce sonho
Verdade é que teimamos em tentar.
Em cada poesia que componho
Mergulho num distante e belo mar.

Se o tempo se tornou frio e medonho,
Não custa, eu te garanto, assim, sonhar.
Plantar neste canteiro tão risonho,
Colher cada bom fruto do pomar...

Mas tudo tem seu preço? Isto é mentira!
A mão que acarinhando não atira
Quem sabe ser feliz quer e permite

Que tudo possa ser muito mais calmo,
O amor louvando a vida, feito um salmo,
Jamais conhecerá qualquer limite!



1532


Amar intensamente e sem limites
No cálice dos corpos que se brindam,
Belezas em que quero que acredites
Nos olhos deste amor, já se deslindam.

Sentindo o teu calor, amada amante,
Somamos esperanças e alegrias,
Olhar que se mostrando fascinante
Estampa em nossos sonhos, poesias.

Nas tramas que se entregam sem temores,
Arcanjos, querubins sons de trombetas,
Enquanto se misturam tais sabores,
Nos olhos percorrendo mil cometas.

Amor sem ter fronteiras nem espaços
Atando agora em nós, mais fortes laços...



1533

Amar jamais será algum pecado,
Pelo contrário: bênção redentora!
Quem sabe quanto amar nos revigora
Matando toda a sombra de um passado

Deixando qualquer crítica de lado
Percebe que quem sabe faz agora
E deixa uma tristeza, assim de fora,
Promove um novo mundo iluminado.

Vem logo e não dê trelas a quem fala
Abrindo o nosso peito, o quarto, a sala,
E o nosso apartamento, pela fresta,

De uma felicidade, este escudeiro,
Amor, sincero e franco, verdadeiro,
Um paraíso imenso que se gesta...



1534


Amar maracatus, jongos, folias,
Polidas estas pedras me machucam,
Ourives das verdades que caducam,
Não vejo mais no amor, tais serventias.

Escuto o que dizia a minha avó,
A velha solidão não terá vez
Se a gente se vestir de insensatez
Nem mesmo procurar voltar ao pó.

Amar você devia ser tão bom,
Porém delicatesse sem bombom,
Não faço mais um verso em homenagem

Àquela que se foi e levou tudo,
Nem mesmo esta mentira; ainda ajudo
Amar sem ser amado é sacanagem...



1535



Amar na plenitude dos sentidos,
Forrando os meus castelos nestes sonhos,
Caminho em passos firmes, decididos
Em busca de outros dias mais risonhos.

O tempo vai passando e as palavras
Se tornam bem mais fortes, minha amada,
Produtos das capinas, roças, lavras
Que fazem nossa vida bem marcada

No solo cultivado com amor
Na luta por justiça, no carinho,
Nos calos, nossas mãos de lavrador,
Valorizando o pão, também o vinho,

Numa alegria rara que se diz
Em cada cicatriz: amor feliz....



1536


Amar não é loucura ou fantasia
É verbo que se faz felicidade.
É canto que nos toma em alegria
É sonho que nos guia à liberdade.
É vida que se entorna em poesia,
É rumo que nos leva à mocidade.

Loucura é desamor, tanta tristeza,
É verso em que se dá desilusão,
É rio que se perde em correnteza
É chuva que não veio no sertão,
É lágrima sentida em impureza
É tosca e tão cruel ingratidão.

Amor nos alimenta e agiganta,
É força que nos salva e nos encanta...



1537

Amar não é loucura
Tampouco uma heresia
É ver bem mais segura
A mera fantasia
E assim tanto perdura
Enquanto isto me guia
Vagando em noite escura
Além desta agonia,
Vislumbro amanhecer
E nisto estou contigo
Vencendo o desprazer
Além tanto persigo
O amor e o bem querer
No colo mais amigo.



1538

Amar não é loucura, insensatez,
É fogo que nos queima num momento,
Vibrando bem mais forte o sentimento,
Tomando nossa vida de uma vez.

Toda a beleza imensa em que se fez
Permite ser amor alumbramento,
Deixando para trás ledo tormento
Mudando nossa sorte em bela tez.

Amar é ter certezas inexatas
Fazendo-se possível o inalcançável,
Uma alma outrora fera queda amável,

Os raios do luar virando pratas
Que descem do infinito em alva areia,
Fazendo da mulher, bela sereia...



1539


Amar não é pecado saiba disso.
É fogo que nos queima e nos redime.
Quem sabe da beleza e do feitiço
Se entrega sem pensar ser isso um crime.

Se um Deus que se fez pleno em tanto amor,
Nos deixou a lição primordial,
E nisso se baseia o Salvador,
Entregue-se sem medos. Afinal

Amar é conceber vida mais pura.
Quem vive esta emoção se purifica.
No amor é que se cria e se edifica

Um mundo bem mais nobre e verdadeiro.
Recebo teu carinho, com ternura,
De DEUS, o mais perfeito mensageiro...



1540


Amar não é pecado, minha cara,
Também desejo ter tua nudez.
A vida sem amor se torna amara
Vem logo e não se prenda à lucidez.

A pele mais macia se declara
Imersa na loucura em que se fez
Eu quero desfrutar da jóia rara
Da bela silhueta. Insensatez

É não poder seguir nossos instintos,
Deixar de inebriar-se em vinhos tintos
Dos gozos e prazeres que são nossos.

Tocando tua pele, boca e sexo,
Amando sem ter culpa, medo ou nexo,
Mergulhos sem limite em belos poços...



1541

Amar não tem medidas. Na verdade
Um sentimento belo não se mede,
Apenas se recebe e se concede,
Pois guarda dentro dele imensidade.

Amar é desejar felicidade,
É dar e não cobrar o que se pede,
Quem ama tantas vezes não impede
Que o outro tenha luz e claridade.

Eu te amo, não neguei e nunca nego,
Teus olhos me impediram de estar cego,
Já que neles achei o meu farol.

Estrela maviosa que me guia,
Nos passos deste amor, tanta alegria,
Resplandecendo a vida como um sol...



1542


Amar o céu imenso em nuvens várias,
O vento que balança os teus cabelos,
As aves em visitas temporárias,
As cores da pantera, belos pelos,

Amar a plenitude do viver,
Saber em cada estrela eternidade,
Minúcias da natura; perceber,
Buscar o bem da vida na amizade.

Vivenciar o dia que após dias,
É novo e que jamais retornará.
Trazendo, se possível, alegrias,
Aqui tu tens o que tiveste lá.

Jamais perder seu rumo, uma esperança,
Fazendo com amor, firme aliança...



1543


Amar o doce seio da sereia
Que trouxe para a praia o seu canto.
Deitando meu amor em quente areia
Tragando com carinho o seu encanto.

Sereia como é bom te ter comigo,
Bebemos tantas luas e desejos...
Pressinto em nosso amor, tanto perigo;
Vivendo a plenitude em loucos beijos.

Eflúvios desta tua formosura
Decoram os meus versos totalmente.
Amada, em nossa vida, essa ternura,
Nos traz toda a certeza de repente

De que nada na vida tem valor
Se não vier em nome de um amor!


1544

Amar quando foi doce, já faz tempo
Agora me amargando tanto engana
Forjando uma esperança, contratempo,
Que sempre se demonstra soberana.

Soberba desse amor que tramo tanto.
Deságua na tristeza deste mar.
Que morre sem saber de amor que espanto
Nas ondas e na areia sem parar...

Quem pensa que esse amor já traz mudança
Se cansa, na verdade, magoado...
Amar quando não some da lembrança
Melhor deixar ficar lá no passado.

Passados tantos anos sem te ter,
Amor me acostumei, que vou fazer?



1545


Amar sem ter vergonha nem temores,
Colhendo as maravilhas que plantamos,
Deslindam-se sublimes, raros ramos
Promessas de diversas, belas flores.

Seguindo-te querida, aonde fores,
Se cada novo sol; comemoramos,
Não temos nem escravos, servos, amos,
Tampouco restarão quaisquer pudores.

É simplesmente tudo o que mais quero,
Por mais que o amor pareça fútil, fero,
Não posso resistir ao seu fascínio.

Indômita loucura que nos toma,
Enquanto multiplica simples soma,
Jamais terei a fera em meu domínio...



1546

Amar sem ter limites,
Vivendo a fantasia,
Amada não me evites
Te quero todo dia.

No gozo que permites,
Encontro uma alegria
Meu coração palpites
No amor que nos vicia.

Teu homem; quero ser,
Sem medo algum de errar,
Tocando devagar,

Amor, meu bem querer,
E sempre me entregar
Loucuras do prazer...



1547


Amar sem ter medidas,
Medida necessária
Traz fogo em nossas vidas,
Em luz que temerária

Curando estas feridas,
De forma santa e vária,
Audaciosas idas
Da sorte procelária

Que um dia se perdendo
Teu corpo ela aportou,
E nele enfim desvendo

O bem que segredou
O mundo que a contento,
Depressa iluminou...


1548

Amar sem ter pudor é jamais ter
Os olhos do pecado nos rondando,
Por mais que o fogo seja calmo e brando,
Decerto ele virá, audaz, arder.

A fonte tão gostosa de beber,
O rio entre cascatas desabando,
Sem ter nenhum porquê, nem mesmo quando,
Vivendo tão somente por viver.

Fascínio de teus olhos sobre os meus,
Delírios vastos, lúbricos, ateus
Carinhos que não pedem nem licença.

Vorazes caminheiro da alegria,
Os corpos indomáveis, poesia,
Colhendo no infinito, a recompensa...



1549


Amar tem merecer, tenha certeza,
E disso ninguém pode duvidar.
Vencer com calmaria a correnteza
Sabendo que ao final virá o mar.

Sem caça ou caçador, minha alma presa
A tal fascínio vive a desfrutar
A mágica e sublime fortaleza
Que é feita em cores belas, céu e ar.

No quanto o teu perfume me inebria
Estampa nos meus olhos a magia
De um templo inigualável, sacra orada...

Qual helianto busca cada raio
Na lânguida emoção, quero e desmaio
No enlevo desta fonte ensolarada...



1550



Amar tranquilamente, doce sonho
De bocas que se buscam tão suaves.
Os corpos que se tocam são quais naves
Onde o desejo imenso eu sempre ponho.

No verso que te faço em que componho
Retiro do caminho velhas traves.
No céu de nossos mundos voam aves
Libertárias num mundo mais risonho.

Brindamos com carinhos, a paixão,
Que é dona dos meus passos, dia a dia.
Nas forças incontidas da emoção,

Espalho em nosso mundo a fantasia
Que é mote que nos leva, em tentação,
Amor que a gente faz com maestria..



1551



Amar tranquilamente
E ver noutro momento
O quanto me alimente
E nisto eu me fomento
De sonhos, plenamente
E tudo em paz; enfrento
E sendo coerente
Amor, um manso vento
Proveito mais sincero
Do quanto almejo e quero
Vencendo a tempestade,
Meu canto configura
Na sorte mais segura
No sonho que me invade.



1552

Amar é simplesmente
Vencer qualquer temor
E seja como for
A vida não desmente
O todo redentor
Aonde se atormente
E mesmo o que se sente
Traduz o bem do amor,
Vestindo esta ilusão
A sorte poderia
Dos dias que virão
Apenas fantasia
Cevando cada grão
Imenso da alegria.



1553



Amarelada flâmula: carinhos
Esquecidos no passado mais remoto.
O quanto de desejo vejo roto
Trazendo hibernação aos nossos ninhos.

Sabendo que andaremos mais sozinhos,
A vida se perdendo num esgoto,
Lutando, minhas forças eu esgoto,
Não adiantam tantos burburinhos...

Purpúreas violetas na janela,
Do amor que arrebatou Duran, Florbela
Meu verso se embebeda e me inebria.

A noite solitária não avança
A morte passa ser uma esperança
Tomando a minha vida e a poesia...



1554


Amares e marés, ondas gigantes
Quebrando desde sempre, preamar.
Tomando toda a cena a divagar
Vagando entre as areias escaldantes.

Mergulho nos teus braços fascinantes,
O vento se esparrama devagar,
Agarro cada estrela, vejo o mar
Fumaças se formando por instantes.

Esgueiras entre as ondas qual sereia
E enquanto a vida chega e me incendeia
Escuto o teu cantar e me inebrio.

Fagulhas ganham força no cenário,
E o velho coração tão solitário
Esquece o seu passado ausente e frio...


1555


Amarga sensação que me legaste,
Vazios que percorro noite afora;
A fonte dos desejos? Nada agora
Somente a cada dia, mais desgaste.

Quem dera se eu tivesse, num contraste,
A sorte de sonhar que revigora,
Porém no frio intenso, o peito chora,
O bom da minha vida, tu levaste...

Os copos se acumulam, a aguardente,
Dileta companheira, me inebria,
A derradeira e insana companhia

Transtorna, num alívio, a minha mente.
Espero, inutilmente, a tua volta,
O pensamento vaga, e segue à solta...


1556


Amarga solidão, querida amiga,
Há quanto tempo vivo em desamparo
Apenas o vazio inda me abriga,
E apura a cada dia mais o faro.

Tocado pelo vento da saudade
À noite não consigo mais dormir,
Quem dera se tivesse uma amizade,
Com quem pudesse ao menos repartir

Ou mesmo e tão somente me escutar.
Mas nada do que tive inda resiste,
Distante de qualquer estância ou mar
O coração seguindo em noite triste

Cumprindo a sua sina, o seu destino,
Esperando o dobrar do último sino...


1557


Amargo em belos versos, doces méis,
Uma expressão deveras valorosa
Que forja com vigor, maravilhosa
Estrela radiante em carrosséis.

Atando estas palavras com cordéis
De força deslumbrante e vigorosa,
Por mais que a vida seja caprichosa
E morda e dilacere com seus féis

A par desta beleza matemática
Que usando de qualquer outra temática
Expressa com fineza e poesia,

A métrica perfeita de um soneto,
Enquanto sei dos erros que cometo,
Louvar-te não seria uma heresia?

PARA O GRANDIOSO POETA AMARGO, COM RESPEITO E ADMIRAÇÃO.



1558


Amargo sentimento, a solidão
Que faz as minhas noites tão compridas.
Buscando inutilmente tais saídas
Encontro novamente o mesmo não.

Quem teve o seu amor e segue em vão,
Trazendo ainda vivas, despedidas,
Nas lágrimas decerto tão sofridas
Percebe o descaminho, escuridão...

Morrer é libertar-se das algemas,
Por isso, minha amiga, nada temas,
A vida sem ninguém que inda nos queira

É nada tão somente, e sem valor;
Carrego nos meus braços, desamor,
Paisagem tão cruel, mas verdadeira...



1559



Amargurada tramas com a lua
Maneiras de forjar loucos desmaios,
No cio que te encontro, seminua,
De todos os desejos, mansos raios...

Desfruto dessas flóreas emboscadas
Que tramas sem saber que te tocaio.
As prendas que me deste, vão guardadas
Nas flores que escondeste, logo caio.

Pairando nossos sonhos mais secretos,
Em torno desse mar que já se orvalha.
Os dedos competentes seguem retos,
Cortando teu prazer, doce batalha...

Te quero desejando sem ter medos,
Amor que já desvenda teus segredos...



1560


Amarmos como dois desesperados
A noite inteira imersos nos desejos
Que trazem em milhões de toques, beijos,
Carinhos e delírios compassados.

Gritar amor querida, em altos brados
Nos céus brilhando fogos em lampejos,
Mostrando nos trejeitos, os traquejos
Dos sonhos que vivemos pareados.

Provando cada gota de saliva
Queimando de vontade de te ter.
Teu corpo, meu calor por certo criva

De convulsas vontades em fogueiras
Formando uma corrente de prazer
Em mãos, olhos e bocas feiticeiras...



1561


Amarras e galés, correntes, vícios.
Delírios necessários e ferozes.
Arrancas meus desejos, precipícios,
E vamos paraísos mais atrozes.

Fogueiras e vaidades, ventanias.
Ouriças as vontades mais profanas.
Refletes todas luzes, cercanias,
Fagulhas, labaredas cedo emanas.

Hedônicas insânias, na nudez
Expressas sem pudores, as guerrilhas,
Não quero descobrir sequer porquês
Apenas naufragar em tuas ilhas.

Abarcas maremotos e procelas,
Enquanto o garanhão dos sonhos selas...


1562


Amarras que nos unem qual algemas
Serenas madrugadas já tivemos.
Vivendo neste amor, sublimes gemas.
Diamantinos sonhos concebemos.

Por isso é que eu insisto, nada temas,
Destinos tão iguais sei que teremos
Fazendo da emoção nossos emblemas,
Os tolos desafios venceremos.

Se temos a saudade, lema e rumo,
Problema na verdade desconheço.
O quanto em tanto encanto quero, assumo

Já temos o timão em nossas mãos.
Ao termos tanto amor como endereço
Os medos se tornaram, tolos, vãos...



1563


Amassarias massas fazes pão.
As velhas massarias manipulam...
As fontes que fornalhas seu fogão,
As pontes que atravessas, estipulam...

As massas que, sofridas, vão ao chão,
Nas dores que conferes já pululam...
As portas que fechastes sem perdão,
Nas perdas que carpiram não ovulam...

Os termos que confesso são perdidos,
Os álibis que tive, distorcidos...
As massas que seguiram multidão;

Os mártires já foram esquecidos...
As massas procurando ouvindo o não,
Distante das maçãs; sem vinho ou pão.



1564



Amassarias massas
Matando uma esperança
A assim quando se lança
A vida sobre as traças

O quanto além tu passas
Vagando em tal mudança
A sorte se afiança
E em vão tudo repassas

Ousando noutro verso
Aonde se é perverso
O medo dita a norma,

E o pouco que se resta
Além da voz funesta
Deveras nos deforma



1565

Amaste cada sonho como fosse
Um derradeiro canto de esperança.
Do gosto mais amargo fez-se o doce;
No passo em desencontro a tua dança.
O vago no teu peito, sei, repôs-se
Em plena juventude sem tardança.

Fizeste deste encanto riso e gozo,
Em formas diluídas refratárias,
O manto em que cobrias, generoso,
As noites não mais eram temerárias.
O sol de cada dia mais formoso
Em cores misturadas, belas, várias...

Depois de tanto tempo abandonado,
Tu percebeste amor, bem do teu lado...



1566



Amei-te com certeza e muito mais
Do que podia amar. Foi o meu erro...
Pensei que amar assim nunca é demais.
Cravei meu coração num triste aterro!

Tu foste logo embora. Fiquei só.
É bruxa o que restou de uma rainha.
De tudo o que sonhei nem restou pó,
A rua que eu pensei, nunca foi minha...

Ladrilho de esperança? Já gastei...
O bosque solidão foi minha herança.
Quem quis desta donzela virar rei,
Morreu sem conhecer sequer a dança...

Mudaste meu amor, ou mudei eu?
Só sei que hoje te odeio. Amor morreu!



1567


Amei sem ter nem eira nem ribeira
Durante tanto tempo, vagamundo.
Se amor é quase sempre um vagabundo
Que gira em carrossel, mas há quem queira.

Quem dera a primavera companheira?
Talvez tudo mudasse num segundo.
Porém quando no inverno eu me aprofundo,
A paz que tanto quis, se vai. Ligeira.

Amei mais do que pude? Talvez não.
Limites? Desconhece o coração,
Otário que não sabe discernir

As luzes ofuscantes da paixão,
Que queimam, mas não trazem solução
Ardência tão gostosa de sentir...



1568


Amei-te muito além do que podia,
Ao ver a tua imagem mais distante,
A noite pouco a pouco te engolia,
Por mais que o rastro fosse fascinante,

Ao derramares tanta poesia
Estrelas que surgiam num rompante,
Num frágil candelabro traduziam
Cenário amortalhado e deslumbrante..

Erguendo o meu olhar sobre o horizonte,
Ao ver o sol se pôr, longínquo lume,
Fiz com o Criador sublime ponte,

Emocionante e bela paisagem.
Entornas sobre a Terra o teu perfume,
Dos céus e paraísos, a mensagem..



1569



Amei-te... Foi demais, e foi tão lindo.
Jamais esquecerei cada momento,
E mesmo ora distante, vou seguindo
Bebendo da alegria, doce alento.

O tempo vai aos poucos se esvaindo,
Mas sinto que valeu tal sentimento,
O amor que se eterniza renascido
Acalma um mundo amargo e violento.

Não vejo-te faz tempo, mas te adoro;
E quando em solidão eu rememoro
Cada segundo em paz que nós tivemos.

Espero que tu ouças minha voz,
Revivendo o que outrora fomos nós
Unindo nossos passos; venceremos!



1570

Amenizando o tom de minha voz,
Falar de uma amizade soberana,
Num mundo em que vivemos, tão atroz,
Quem pode já domina e sempre engana.

Não uso o meu cantar, nem sou feroz,
Apenas na verdade que se explana
Jamais me curvarei ao meu algoz,
Nem brados, nem mentiras, nada ufana.

Sou manso qual cordeiro mas bem sei
Da faca que escondeste, meu pastor.
Não quero ser escravo nem ser rei,

Apenas na amizade entre os humanos,
Que é feita de respeito em muito amor,
Nos sentimentos mais nobres, soberanos...



1571

Amiga, em cada verso que tu fazes
Encontro tal verdade que não nego,
Por mais que a vida mostre novas fases
A ti eu me dedico e nunca nego.

Tu sabes quantas vezes já me aprazes
Por isso tenho sempre tanto apego,
Nas curvas do caminho, tão audazes,
Jamais eu estarei de novo cego

Pois tenho nos teus olhos o farol
Que iluminando o rumo que persigo,
Cicatrizando a dor que em arrebol,

Feriu demais um peito tão amigo.
Andando sob as marcas deste sol,
Eu vibro quando estou,assim, contigo...


1572

Amiga; a cada passo sem tropeço
Que damos rumo a tal felicidade,
As ordens deste amor, sempre obedeço,
Vibrando o coração em amizade.

Somamos nossos sonhos e assim peço
Eterna sensação de liberdade
No canto que trazemos, te confesso,
Encontro enfim a solidariedade

De quem já sabe o quanto vale a pena
A vida se em perfeita sincronia.
Raiando com ternura cada dia

Marcando com carinho toda cena,
Acenas com teu braço forte e puro
A glória em esperança: um bom futuro


1573

Amiga, um coração tão descuidado,
Entregue à fantasia já não vê
Sequer a sombra, andando assim de lado,
No amor em plenitude sempre crê
Quem dera se pudesse, livre, alado,
Viver tão simplesmente sem por que.

Seguindo o meu destino, solitário,
Não posso mais falar de uma esperança,
Um vento tão amigo e solidário
Meu coração cruel jamais alcança.
Eu vivo, isso eu não nego, temerário,
Sonhando com promessas de uma dança

Em noite imensa bebo a tempestade
Navego a cada sonho, liberdade...



1574


Amiga, se preciso estou aqui,
Não temas a saudade que maltrata,
Enquanto a poesia já nos ata,
Eu sei o quanto é bom saber de ti.

Durante tanto tempo eu me esqueci
Da vida que tentei ser mais sensata,
Palavra abençoada, sempre exata,
Permite desvendar o que pedi

Aos deuses em mil preces, romarias,
Vivendo tão somente as alegrias
Que a fonte feita em luz e claridade

Espelha com vigor inesgotável,
Minando este pendor insuperável
Que sei fluir nas tramas da amizade...


1575


Amiga; o meu amor faz tempestade
E trama toda noite este incerteza,
De ter apenas simples amizade
Ou poder desfrutarmos mesma mesa.

Seria assim dizer felicidade,
E a vida com mais charme em tal beleza,
Preciso te falar: sinceridade,
Eu quero penetrar cada defesa

E ser, amante amado de quem chamo
De amiga por sincera timidez.
Quem dera se real insensatez

Tomasse nossa vida, num instante,
Liberto deste medo, aos céus eu clamo
Num sonho- quem me dera – deslumbrante...

1576

Amiga, tantas vezes o passado
Rondando a nossa cama, o nosso leito
Fazendo da tristeza um velho pleito
Deixando pouco a pouco, transtornado

A quem viveu um sonho iluminado
Que morre a cada dia insatisfeito,
Amar será talvez, algum direito
Que foi há muito tempo descartado?

Eu quero que tu saibas, cara amiga,
Que a vida nos maltrata e nos destrói
O mundo em solidão tanto corrói

Deixando o quase nada por herança,
Só creio na esperança que me abriga,
Na força que nos une, esta aliança...



1577


Amiga, este planeta que habitamos
Foi feito em sangue e guerra, sem descanso.
O coração de quem vivera manso
Encontra em duras feras, velhos amos.

Por vezes se eu fraquejo, encontro em ramos
Apoio contra a queda. Assim alcanço
A força necessária sem ter ranço
Alçando o que queremos e sonhamos.

Não vejo minha amada outra saída
Senão atarmos sempre nossos laços.
Depende do furor de nossos passos

A sorte já lançada e distraída.
Vencendo as tempestades e procelas,
A noite se promete em lua, estrelas...


1578


Amiga, não se esqueça de que estou
Aqui a te esperar, embora exista
Uma distância enorme. Não desista,
Pois saiba que contigo sempre vou

Meu braço se fazendo companheiro
Daquela a quem adoro e na verdade
Tu sabes que te quero por inteiro,
Desejando algo além de uma amizade...

Eu sei que tens saudades de quem fora,
Durante muito tempo o teu amor.
Mas veja que um caminho novo, agora;
Se mostra totalmente ao teu dispor.

Vem logo não se entregue à solidão
Aqui terás momentos de paixão...


1579


Amiga, não permita que se faça
De ti gato e sapato, erga a cabeça.
Não há quem neste mundo isso mereça
O amor se perderá numa fumaça;

Mantendo com firmeza tanta graça
Futuro em maravilhas que se teça
Farto carinho, em brilhos recomeça
Porvir bem mais risonho, amor já traça

Pra quem em aquarelas viu a vida,
Num prisma diferente do que vês.
Não tente perguntar tantos porquês

Quem crê numa esperança não duvida
E sabe recolher ao fim do dia,
A flor que uma amizade bendizia...


1580

Amiga,na verdade tudo passa
Até mesmo a saudade não suporta
Felicidade bate em tua porta
E o resto se perdendo qual fumaça.

O risco de viver, riso ou desgraça,
Aos velhos sentimentos se reporta
O coração que em novo cais aporta
Aprender permite que renasça.

Os velhos cacoetes do passado
Não podem mais guiar nosso futuro.
Não há céu que se mostre sempre escuro,

E mesmo se quando o sonho é malogrado
A gente tem direito de voltar
E sempre, sem temor, recomeçar...


1581


Amiga; a cada passo
Um novo amanhecer
Assim ocupa espaço
Dos sonhos, o sofrer
E o vago aonde traço
Meu mundo eu posso ver
Marcando o meu cansaço
Em raro desprazer,
Vestindo esta emoção
Deveras poderia
Alçar dos que virão
Meus sonhos, alegria
Gerando a precisão
Do encanto dia a dia.


1582

Amiga, quando pego-me a sorrir
Olhando pros teus olhos, mansos cais,
Percebo o quanto Deus foi bom demais,
Ao te trazer pra mim e permitir

Que a vida se transforme sem mentir
Num sonho que pensara ter jamais,
Meu mundo num segundo em plena paz
Sorriso que se mostra sem pedir.

Vieste, companheira, em claridade,
Moldando o meu futuro nos teus passos,
Na força tão sublime da amizade,

Seguimos mesmo rumo, em bons compassos,
No fogo que se emana sem parar,
Amiga, tanto bem, compartilhar...



1583


Amiga, não se esqueça que a saudade
Já pode eternizar um sentimento.
Quando ela chega, eu juro que a arrebento,
Algoz de uma sutil felicidade.

Não posso mais viver sem liberdade,
Caminho, coração exposto ao vento,
Tu não verás em mim qualquer lamento,
Ó prenda isso é total barbaridade

Não deixe nenhum rastro do passado,
Resquícios não ajudam, valem nada,
A curva mais fechada de uma estrada

Traduz um caminhão que capotado
Deixou cair na pista toda a carga,
Saudade, não adoça, sempre amarga...



1584


Amiga, é tão difícil caminhar
Não tendo mais estrela que me guie,
Por mais que uma ilusão ainda fie,
Eu sinto a cor dos sonhos desbotar.

Mergulho no oceano sem pensar,
E enquanto a solidão não se extravie
E nem o pesadelo, o amor adie
Não vejo aonde eu possa me ancorar.

Carpindo esta amargura que não cessa,
O amor se torna vaga e vil promessa
Um canto em agonia vem e invade

O verso deste louco trovador,
Que um dia se perdeu em tanto amor,
E busca a solução: tua amizade!


1585

Amiga, eu tento disfarçar em vão,
Antigos pesadelos são constantes.
Por mais que ainda veja por instantes
A claridade morta, resta o não...

Cevando da esperança cada grão,
Pensei em ter momentos fascinantes.
Espectros do passado, quais gigantes
Retornam numa eterna punição.

Sonhar é libertar, romper a grade...
Mas onde se escondeu a liberdade?
Procuro e nada vendo, passo a passo,

Lunático ao uivar, escondo a lua
A saga solitária continua,
Fantasmas do que tive, ainda caço...


1586


Amiga, muitas vezes nossa vida
Prepara em armadilhas, tais surpresas,
Nas quais envoltos pela dor, tristezas,
Sentimos dissabor da despedida.

Nossa alma se encontrando vã, perdida,
As mãos ficam paradas, indefesas
As pernas bamboleiam, restam tesas
O coração poreja, o dia acida.

Ao crermos na cristã eternidade
Devemos ter total serenidade,
Jamais deixar que apague em triste olvido

A imagem de quem tanto amamos, pois
Sabendo que a veremos no depois.
“Pior do que perder, é não ter tido!”


1587


Amiga, a liberdade não tem preço,
E é nela que encontramos nosso Norte.
Colhendo da amizade puro apreço
Podemos vislumbrar a melhor sorte.

Erguemos personagens do vazio,
Damos vida aos espectros que nos rondam,
Portanto tudo aquilo que ora crio
Pertence aos sentimentos que se sondam

Nas mais profundas sendas do meu eu
Recônditos caminhos percorridos,
Que tendo em poesia um apogeu
Descrevem o que dizem os sentidos.

Na máscara que usamos, eu retrato
O que trago guardado, aqui. De fato...



1588


Amiga, sente à mesa, tome um gole
E vamos mergulhar neste vazio.
Que mesmo sem sentido logo eu crio
Vagando enquanto a vida nos engole.

Por mais que uma esperança vã decole,
Ainda há primavera,, e mesmo frio
Prevejo ao fim da tarde algum estio,
Por mais que a fantasia inda decole.

Não acho os meus pedaços nem os cacos.
Os argumentos sei são muito fracos
Mas vale a tentativa. Não me canso.

Não feche este boteco, senhoria,
Que a gente toma um porre de alegria,
Fazendo da ilusão nosso remanso...



1589


Amiga, não desista do teu sonho,
Pois nele tu verás digno retrato,
A mansidão tão terna de um regato
Adentra um oceano mais medonho!

Vencer as corredeiras do caminho,
Com toda placidez é poder ter
Nas mãos além de um mero e vão prazer
As chaves do futuro no carinho.

A voz tão delicada e poderosa
Do amor que ora domina os teus momentos
Embora te demonstre vis tormentos

Somente mostra a sorte caprichosa.
És forte e vencerás qualquer tempesta,
Mantendo o coração tranqüilo e em festa

1590

Amiga, me permita um comentário
Que eu faço com total tranqüilidade
O amor sem ter resposta é necessário?
Impede nos teus passos, liberdade.

O amor desconhecendo um adversário
Supera os pedregulhos. Na verdade
Resiste, porém quando temporário
Melhor romper com força qualquer grade

Um pássaro liberto vence o medo
E ganha na amplitude do horizonte
Sabendo desvendar da sorte, o enredo

Alçando com firmeza este infinito
Bebendo da alegria, em sua fonte,
Na consistência plena do granito...



1591


Amiga, na verdade os teus queixumes
Celebram a grandeza de um amor
Que um dia se perdeu em vãos ciúmes,
Porém irá das cinzas recompor

Trazendo novamente estes perfumes
Que tocam o teu peito sonhador,
Moldado na potência de teus lumes
Numa expressão tão mágica: calor...

Aguardo o desenlace desta trama,
Sabendo o quanto queres ser feliz.
O coração tão frágil de quem ama

Exposto à violência da tempesta
Terá, ao fim de tudo, o que mais quis.
Só quero o teu convite para a festa...



1592


Amiga; eu não farei, te juro, caso
De todas as mentiras que disseste.
O quanto em desafio se diz peste
Não proporcionará nenhum ocaso.

A vida no seu curso esquece o prazo,
O vento que chegou, do sul ou leste
Importa, na verdade é que vieste...
De qualquer forma nele eu já me aprazo

Sentindo a mansa brisa da chegada,
Esqueço o que passou, não restou nada
Senão algum gracejo, como um broche

Que trago, disfarçado na lapela.
Na força da amizade, tão singela,
Teu erro não serviu nem de deboche...



1593


Amiga, o nosso amor é feito em paz,
Palavras significam sentimentos
Que em ondas de internet, ou pelos ventos
Sobeja maravilha sempre traz.

Um sonho se permite ser audaz
E toma nossos dias por momentos,
Na rapidez dos sonhos, pensamentos
Eu digo que este amor nos satisfaz,

Pois temos a ternura como lema,
Pois temos emoção como estandarte,
Amor em amizade por bandeira.

Vera felicidade é nosso tema,
Quem dera se ecoasse em toda parte,
A vida enfim, seria alvissareira...



1594


Amiga; eu trago em mim como farnel,
As dores que acumulo pela vida.
O reino prometido lá do céu
Talvez seja a vingança, uma saída

A quem se permitiu sentir cruel
O vento que já trouxe a despedida,
Meu peito vagabundo segue ao léu
Distante do que fora. Interagida

Minha alma de tua alma tão bondosa,
Agradecendo sempre o teu apoio,
Menina delicada e maviosa.

O mar de uma esperança vira arroio
Mas segue até chegar aos olhos meus,
Vazios, sem destino, quase ateus...



1595

Amiga, como a vida nos maltrata!
Por vezes nós pensamos ser felizes,
Depois de certo tempo, novas crises,
A sorte se mostrando enfim, ingrata.

O amor que se perdeu em densa mata,
Deixando em nosso peito cicatrizes,
Eu sei quanta verdade tu me dizes
Enquanto a solidão nos arrebata.

De tudo o que eu sonhara; nada existe
Apenas este frio intenso e triste
Dizendo desta ausência de prazer.

Não fosse esta amizade tão sincera
Sem nada do que sonha e que se espera
Nem forças eu teria pra viver...


1596


Amiga, eu necessito confessar
Os erros que cometo pela vida,
A rua que encontrei não tem saída,
Não posso sair mesmo do lugar.

Qual fora um avião em seu hangar
Olhando para o céu inda duvida
Se um dia preparando uma caída,
Faz logo o seu desejo capotar.

Metade do que somos, apodrece
Enquanto nas mentiras a alma desce
E volta a ser tão baixa e sorrateira.

Se o tempo assim fechado continua,
Não posso me perder na falcatrua
Que toma a nossa vida por inteira...



1597



Amiga, para que tanta tristeza?
Existe com certeza algum caminho.
Vencendo com vigor a correnteza
Terás numa esperança um bravo ninho.

O tempo é conselheiro, com certeza,
E sabe retirar da flor o espinho,
Aguarde outro momento e com destreza
Encontrarás a paz, sem desalinho.

Eu sei que a vida traz perplexidades,
Complexas são as causas desta dor,
Rompendo com firmeza, frias grades

Terás todo horizonte em tua frente.
Retire de teus lábios o amargor,
Que o dia nascerá bem mais contente.



1598


Amiga, tantas vezes persegui
Os rastros desta amarga liberdade,
Se o nada, com tristezas, descobri,
A vida me legando entrave e grade

Depois de procurar eu chego a ti,
E vejo ser possível claridade,
Resposta que buscara estava aqui
Na força mais sublime da amizade.

Assim, depois de fartas aventuras
As noites quase sempre tão escuras,
As sendas tão vazias da esperança;

Descanso nos teus braços benfazejos,
Sentindo da alegria os seus bafejos
E um templo libertário, o peito alcança...



1599


Amiga, tantas vezes procurei
Alguma solução que me dissesse
Do quanto em alegrias frágeis tece
O mundo que, decerto, eu vislumbrei.

Fazenda da esperança a nossa lei
Na força da amizade, imensa prece
Que quando necessário, sempre cresce.
Trazendo esta esperança que busquei.

Contigo caminhando passo a passo
Vislumbro um raro e belo amanhecer
Sabendo quão enorme este poder

Um tempo em calmaria, agora eu traço.
Alvissareira luz que enquanto guia
Espalha pelas sendas, poesia...


1600

Amiga, como é boa a companhia
Que traz em meus caminhos rara estrela
O quanto com meu sonho parecia
Caminho que em beleza se revela.

Fartando com sublime fantasia
Meu barco em teus braços ganha a vela.
Retendo em mansidão, farta sangria,
Destino em placidez, amor atrela.

Na força da amizade se permite
Viver além do medo, sem limite
Seguir ao paraíso, peito aberto.

Ao lado deste encanto sem igual
Meu passo se tornando triunfal
Num ritual sublime o rumo acerto.
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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