Você, diante de mim, 
parada nua, me interpela. 
Quer saber, em sua nudez perplexa, 
diante de mim atônito, 
do que eu nunca soube, jamais. 
O desejo que escorre dos seus olhos 
desce doce e empoça no umbigo. 
Pinga em gotas perguntas 
que eu não sei responder. 
Percorro ansioso com meus olhos 
as suas formas,
com as pontas dos dedos, 
tateio o risco das letras 
que o seu corpo desenha 
e que não sei decifrar. 
Percorrem minhas narinas todos os cheiros 
que, em verdes pastagens, 
me convidam para em ti descansar. 
Bebo em tua fonte, 
deito a minha língua no teu cantil. 
Sorvo sôfrego, delicias que nem sei nominar. 
O que queres de mim mulher, 
mais do que te posso dar ? 
Se, o que me perguntas é o que não sabes responder, 
por que estimas que eu tenha 
resposta para te oferecer? 
Pois de tudo que pude saber, 
o teu desejo não cala, 
mas também não sabe falar.