Voltei!
No lamaçal da insensibilidade dessa existência, que me
coloca em penitencia, me sinto cada vez mais deslocado
do sentimento de lar.
Do lar que nem sempre é doce, mas é o meu predilecto adoçante
que adoça o lado insípido da vida.
É para esse lar que eu… bem… eu voltei!
Voltei para o passado nunca esquecido, para o passado que
me viu crescer qual menino franzino que corria e sorria pela
rua poeirenta, descalço, tronco nú, amparado pela inocência
que se reflectia no brilhar dos meus olhos negros.
Voltei para os dias em que eu e os “meus” nos deixávamos levar
pelos longos serões das noites africanas, rindo, cantando, contando
e ouvindo lendas que me faziam sentir o lar que eu sempre tive.
Voltei… sim!
Voltei para o lar… que tem sido o oásis que me tem confortado
no temível deserto da indiferença humana.