Aperto-te na minha mão,
urze do monte.
Não pedes nada, neste estio,
mas choras por haver gente
que te quer queimar!...
Tenho-te a meus pés,
feno ondulante ao vento,
nos dourados prados do Barroso.
Não pedes nada, sabendo que vais secar,
mas choras por haver gente
que te quer queimar!...
Contemplo-vos, em silêncio,
carvalhos, pinnheiros,
vidos e castanheiros,
no vosso manto verde
que nem agosto faz murchar.
Não pedis nada, neste estio,
mas chorais por haver gente
que vos quer queimar!...
Chorai, chorai, sim,
árvores e jardins dos montes.
Juntai vossas lágrimas
à cascata que jorra em mim,
pois, essa gente,
que não sente
e vos quer queimar,
ou é demente
ou não merece por cá andar!...
( Acácio Costa)