Biografia #.#.#

Biografia








Ao nascerem os belos tentáculos do teu reinado de luz,
Tuas manhãs, teus sorrisos,
Tua alegria derramada
E tua inocência exposta ali,
A sugar os seios maternos... tudo é tão belo!
E não conseguimos enxergar outra coisa.

A meio caminho, flor sempre bela e viçosa
A ser desvirginada,
Não sabe as lágrimas que ainda terá que verter.

Se soubesse, teria entre seus botões,
Não só muitos espinhos,
Mas seria toda ela o mais puro e mortífero veneno.
E não haveria mãos apertando outras mãos,
Não haveria sequer a hipótese de um beijo.

Ah!... Chega o fim do dia, o pôr do sol,
O deitar das armas, o cansaço, talvez o alívio,
Mas só talvez.

A bandeira, branca como a mais branca neve
É fincada, erguida,
Para os raríssimos que souberam degustar
O vinho distribuído pelos mestres viscerais do cotidiano,
Pequenas e humildes passagens,
Transbordando a rica e sublime sabedoria.

Toda a inocência foi castigada e deixada para trás,
Na verdade foi substituída
Pelo frescor da lucidez que, aos tolos,
Fica este parecer inequívoco de criança.

É quando a luz se derrama, generosa, no último ato,
e o véu é rasgado de cima a baixo.

Mas, para a maioria ignara, é noite,
Uma noite demasiadamente escura.












Milton Filho/23.10.2013