Meu Rio

não sabes ? Eu sei ! e você sabe ?, já que a vida quis assim
Eu sei porque sou íntimo do saber e você não sabe porque se ilude do que sabe sem saber

Não canso de molhar as mãos
na tepidez da pele que corre em desespero,
como se o mar fosse seu único afago.
Nunca canso de pernoitar meus versos
no delta aberto pra me afogar
Nunca sei se morro
Ou fico ausente do tempo
Debatendo-me na abstrata experiência

Se o sabes, conta-me desses rios
atravessando-me alma.
Não, não diga das superfícies
douradas do sol com suas
estrias estampadas no lufar das velas...
Diz-me dos leitos
escavados em segredos
que meus olhos nunca conseguem
mergulhar...

Obrigada, Jorge

Obrigada, namastibet

Não me canso de morder as pálpebras
Cansadas e as cerdas do cabelo não canso
De ser exigente no que escrevo plo cotovelo
Não canso de ser modesto não querendo

Não canso de arrepiar caminho nas costelas
De ser ferramenta de uma horta bera
Que só dá tabaco em vez de milho
Não canso de transportar sonhos de taberna

Que me não dão equilíbrio mas vertigens
De uma guerra que não é comigo
Não me canso de pôr a alma a escrever
Como se fosse eu ao vivo e é o fundo

De mim mesmo que escarro e vomito
Num cadinho que não me dá nem o prazer
Nem o vinho fino que é da memória
A alma aristotélica do próprio poeta

Não me canso de recortar as palavras
Secretas que me dão vida e serviram
A humanidade justificada em certa
Medida justificaram a vontade e a morte

Justificaram a fraqueza e a entrega
O lado vazio e a humanidade vesga
A verdade nem sempre pura
E o amor que não passa de lugar comum

Nada desejo de novo que não seja
Ser eterno em algum lugar mesmo de mentira
Porque no meu corpo não resta
Mais a verdade garantida, entreguei-a

Quando me expus no que disse
E me envergonho do que fiz~
Do que disse na esperança de que
Me enganasse e de verdade acabasse

Mesmo sendo poeta desta mil gente
Se algum dia lembrar que vivi presente
No que disse mas cansei de ser
Cansei…

Agradeço a todos que deixaram nesse cantinho, seus comentários.