Mais uma vez, fico - me pelo papel, encontro a justificação da minha existência nos parágrafos dos meus textos e nas quadras dos meus poemas… Pelas linhas de um caderno vou, sentindo e sintetizando um sentimento em cada palavra, perpetuando uma parte do meu “ eu “ nesta folha… neste texto… Deposito a minha alma, a minha consciência num mundo de letras, revelando assim em pequenos pedaços de informação as minhas memórias, os meus sonhos, a maneira como eu vejo o mundo, a maneira como cada amor, cada tristeza, cada alegria, cada surpresa moldou e afectou a minha pessoa…Quando será que serei capaz de deixar de ser um rascunho e me tornar num projecto final?, Será que as pessoas iriam entender metade do que eu imagino?, Será que alguém iria ver metade do que eu tento esconder?, Será que eu seria o mesmo?, Será que eu deveria deixar de existir no papel? Será que devo mostrar o impacto que cada momento, desilusão , amargura, lágrima e tristeza tiveram em mim? Será que devo mostrar o quão idiota fui ao ser seduzido por cada sorriso, promessa, olhar, abraço e beijo?... Sou sem dúvida transcendido pela ideia do romance, sou calibrado por cada amor e me torno uma nova versão do mesmo erro.. Sou traduzido entre a distância de uma caneta e de um caderno, a minha mente existe entre a distância da realidade e dos sonhos , e eu ? Eu… Eu apenas pareço encontrar – me e expandir – me no infinito de todas as combinações possíveis deste mar de letras, neste saltitar de linhas e nessas imagens que são irradiadas da minha mente para o meu corpo, e do meu corpo para a minha mente.. Cada momento que escrevo é um ciclo de liberdade e pureza, sou forçado a recapitular cada momento marcante, e tento decifra – lo e traduzi – lo em palavras ao ver todas essas imagens na minha cabeça, tento esquematizar todas essas cores e sentimentos que eu vejo sem abrir os meus olhos… Vendo as coisas dessa maneira prefiro continuar a contemplar toda essa plenitude sozinho até ser capaz de traduzi - la numa folha em branco... Então aí, eu estarei pronto para existir para além deste mundo que eu conheço...
NG
Re: Nuno Gonçalves
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