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Menti...

 
Lhe menti, ao dizer-te que as dores do teu abandono iria cessar
E que logo poderia entender a tua ida, como passado que passou.
Lhe menti, ao dizer-te que desejo apenas o teu sorrir, ainda que distante, ausente de mim fosse. Pois hoje ao pensar no teu sorriso, desfaleço-me por não ser a causa, por não vê-la, sorrir...
Lhe menti, por vezes! Ao dizer-te que esqueceria das tuas juras, dos momentos em que sussurravas teus exageros de amor em meu ouvido, e por vezes também lhe disse que tal exagero não poderia ser, ao ser que apenas amou.
Lhe menti, menti, descaradamente menti, ao dizer-te que facilmente entenderia um findar e que seria melhor assim. Menti, sobejamente, quanto ao que lhe afirmei ser ínfimo, incapaz de estabelecer um elo que iria afagar-me sempre em ti pelas frestas do tempo, menti, confesso que menti!
Quando ao dizer-te que amor se estabelece por dois, emaranhados no eterno desejo e no enlaçar do querer, enamorar-se pelo amar, pela vida, pela morte, eternamente. Pois cá estou, ávido, a amar aquela que não me ama, a lembrar aquela que me esqueceu, a pensar que ainda vive nela, aquilo que fora apenas a febre de outrora, se foi...Tuas juras, menti ao dizer, que não me sofreria lembrar, e que não carecia de tuas promessas cobrar, pois não teria prestimo, quando se fizesse ausentar. Hoje, como tudo que me era belo, o tempo, desabrido, roubou-me, as lembranças, como linhas entreteça meus sentidos, confundi-me ao ponto de dizer-te que menti, menti! Dando-lhe toda a minha verdade, sobejas! Que repulsaste com frialdade.
Lhe menti sim! Mas amei e seria mentira me queixar, indagar-te por tal desfeita, enternecer-me pela efectiva desventura que me fizeste. Mas sei que ei de esquece-la, e amanhã será n’outro dia, a alegria que outrora imperava nesta carcaça mentirosa.
Vê? Cá estou a mentir novamente, confesso-te: Os dias se repetem, o sentidos, apenas andam em circulo, rodeiam tua existencia, espreitam tua indiferença, de forma sôfrega e presente, contemplam o altar de amor combalido que deixara.
Ao beijar-me fora um selar minh’alma, nesta sina que se perpetua, de quere-la, de sonha-te, ao amar-te.
Mentiras, mentiras, quando ei de dizer-te a verdade?
Pois cá estou a escrever, mentindo sempre, mentindo! Tentando esquecer:
A mentira que deixaste.


"Morremos gestantes da ansiedade que nada espera."

 
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Junior A.
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Enviado por Tópico
ângelaLugo
Publicado: 21/12/2006 13:14  Atualizado: 21/12/2006 13:14
Colaborador
Usuário desde: 04/09/2006
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 Re: Menti...p/ Junior A.
Poeta, maravilhosa carta, meus parabéns pelo seu belo mentir...Dizem que quando se mente em prol do amor deixa de ser mentira... Não poderia deixar de dar um 10 para sua carta.... Beijinhos

Enviado por Tópico
Paloma Stella
Publicado: 21/12/2006 14:27  Atualizado: 21/12/2006 14:27
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Usuário desde: 23/07/2006
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Mensagens: 3514
 Re: Menti...
Nwm toda mentira é ruim... quandoé para um beneficio belo...ela se torna uma aliada...
adorei a forma com a qual escreveste.

Beijinhos

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/03/2011 23:19  Atualizado: 09/03/2011 23:19
 Re: Menti...
Adorei seu poema, muito lindo! parabéns


Abraço
Jorge