pisaduras

Sim mestre.
Tens sempre a capacidade aforística nestes teus poemas muitos curtos, belos e sábios.

Começando pelo título, ele é uma escolha inteligente porque implica o pisar, isto é, usar o pé.
Geralmente é o chão. Ou os outros, mas não no teu poema. A pisadura é o pisar, no fundo.

A pisadura é o nome que se dá também aos hematomas. As nódoas negras. Quando alguém é pisado, por exemplo, a pele reage, e quando alguma veia ou artéria fica comprometida (rompe-se, ou fura) sem que haja ferida aberta, o sangue acumula-se na pele e torna-se muma nódoa escura. Sujidade. logo, há trauma, dor.

"...A intenção
dos nosso
pés..."
é de, por serem, ou andarem, já calejados das agressões que lhes damos, com cuidado, prevendo-as.

O que o sujeito poético nos propões, é um exercício de esperança.
"...talvez..." esperem.
O motivo da preocupação não seja tão importante, ou perigoso, como muitas vezes nós (e os nossos pés) pensamos.

Curto e grosso como dizem cá na terra.

Obrigado
bj

A subtileza das palavras
Faz adelgaçar o sentido
Produzindo boas lavras
Para dar vida ao ferido.

Há demasiados pés com tal dureza. Mas nada é ao acaso...

Beijo

Grande poema querida amiga, e além disso muito profundo!

Meus parabéns e um abraço!