como conseguiste 
desapegar do coração
um amor como o meu
feito de acenos e de orvalhos nos olhos ?
nem foi preciso abrandar o relógio 
giraste os ponteiros 
ao som do corridinho algarvio 
e foste rodopiando ao pé-coxinho 
invadindo a saudade com o esquecimento 
 desapertando o botão que apertava o coração 
despindo a mágoa do peito sem quebrar o gelo   
 apagaste o meu nome 
do futuro e do passado
sem ressentimentos 
com uma habilidade especial 
em desatar os laços de nós 
os nós dos laços 
que coragem, que sabedoria da tua parte 
aqui neste lugar dos abraços 
continuas a ser a razão de uma saudade 
em alma viva 
em carne exposta 
de gorgomila erguida 
esperando os vocábulos antigos  
de um “amo-te” 
soando a  novo 
como estás?
porque não respondes?