No redemoinho da dor,
Quando tudo desaba em silêncio,
É ali que o coração se firma,
Não por ausência de medo,
Mas por saber que resistir
Também é amar a si.
Entre os escombros da calma perdida,
Uma centelha pulsa:
Não é desespero,
É a força antiga
Do que se recusa a morrer.
O caos não destrói,
Ele revela.
Tira as máscaras do mundo
E mostra o rosto nu do coração
Aprendendo a bater mais forte.
Às vezes, o coração só aprende a ser vasto
Quando a vida o quebra em mil pedaços.
Cada caco é um novo ritmo,
Cada dor, uma batida.
No caos, o coração não se esconde,
Ele cresce.
Como raiz que rasga pedra
Em busca de água
Que nunca deixou de existir.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense