Há em ti um incêndio quieto,
Uma chama que me toca mesmo de longe.
Teu olhar acende em mim
O que a razão tenta apagar,
Mas o corpo insiste em lembrar.
Te encontro em cada silêncio,
Em cada ausência de ar.
O desejo que provocas
É essa dança invisível
Entre a pele e o pensamento,
Um eco de ti dentro de mim.
Quando penso em ti,
Meu corpo inventa caminhos
Que a realidade não ousa traçar.
Cada palavra tua é um convite,
Cada gesto, uma promessa sussurrada.
O desejo que provocas é um veneno doce,
Uma febre que chega sem aviso,
Queima na pele, invade o peito
E me transforma em espera.
Não sei se te desejo pela tua presença
Ou pela ausência que deixas quando partes.
O fato é que, entre o querer e o tocar,
Há um abismo chamado saudade
E nele, eu me lanço… todas as noites.
Teus gestos são mapas
E eu sou viagem.
Tua voz é orvalho
E eu sou a relva molhada.
Teus olhos…
Ah, teus olhos…
São destino e perdição ao mesmo tempo.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense