Aqueles que se tornam sombras
No seio das tardes de verão
Parecem carregar segredos
Que o sol não ousa revelar.
Caminham devagar,
Como se cada passo fosse uma despedida,
E seus rostos guardam
A penumbra de memórias que ardem sem chama.
São silhuetas que se dissolvem no calor,
Feitas de silêncio e poeira,
Entre o sussurro das árvores cansadas
E o suspiro invisível das cigarras.
O mundo os vê passar, mas não os toca,
Eles já habitam um lugar onde o tempo é mais lento,
Onde o céu parece olhar para dentro de si mesmo
E encontrar um eco de eternidade.
E quando se vão,
A tarde se enche de um vazio dourado,
Como se a luz, sem eles,
Perdesse um pouco da sua própria história.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense