O poema é um romance teimoso,
daqueles que o coração lê antes dos olhos.
Um livro sem autor,
mas todo escrito em nós,
entre um suspiro distraído
e o calor de um gesto que quase diz tudo.
É capítulo que chega sem aviso,
página que vira sozinha,
às vezes áspera,
às vezes doce como quem chama pelo nome.
E mesmo quando dói,
há sempre uma frase que acende luz
no meio da sombra.
No início, tudo nasce como encantamento:
um brilho que toca de leve,
um suspense que sorri,
uma esperança que aprende a dançar no peito.
Mas o fim…
ah, o fim chega como chegam os amantes tardios:
intenso, inesperado,
cheio de vírgulas que tremem
e pontos finais que nunca são realmente finais.
Poema é esse romance insistente
que a vida escreve com nossas mãos.
E mesmo que o enredo falhe,
que o desfecho seja estranho,
a gente continua —
porque amar viver
é continuar lendo,
e amar é descobrir,
a cada página,
que o final só existe
quando o coração decide parar de sonhar.
Fragmentos de Sonhos
Senhora Poesia