Poemas -> Amor : 

Amar em silêncio

 
Hoje tentei te esquecer.
Juro. Fiz de tudo.
Li um livro inteiro
Sem prestar atenção em uma só linha.
Andei por ruas que não levam a ti.
Evitei as músicas que me lembram teu nome,
Mas até o silêncio tinha teu rosto.

Há algo cruel em amar sem poder tocar.
É como ver a chuva do outro lado do vidro,
Sentir o cheiro da terra molhada
E não poder pôr os pés no chão.

O amor que guardo é uma casa sem portas,
Mas insisto em varrer o chão,
Regar as plantas, abrir as janelas.
Mesmo que ninguém entre.
Mesmo que tu nunca saibas
Que essa casa foi construída só para ti.

Às vezes, me pergunto se o universo ri de mim.
Se os deuses escrevem nossos destinos com ironia.
Por que te colocaram tão perto?
Por que fizeram teu riso tão necessário ao meu dia?

Tu não tens culpa.
Apenas és.
E é justamente isso que me desarma.

Quando estás feliz, sou feliz por tabela.
Quando estás triste, carrego tua dor sem convite.
Não por heroísmo — mas por amor.
Esse amor que não se grita,
Não se exige, não se revela.
Esse amor que apenas… é.

Hoje não chorei.
Mas houve um momento
Em que meus olhos
Se encheram d’água sem motivo aparente.
Foi quando te vi de longe, mexendo no cabelo.
E naquele gesto banal,
Tu me partiste em mil partes.
E ainda assim, sorri.

Porque amar de verdade, às vezes, é isso:
Aceitar o próprio desaparecimento
Em nome da presença do outro.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

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@poetacacerense
 
Autor
Odairjsilva
 
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