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Carta tão aberta como humana

 
Resta-me o desagrado pelo que vejo muitas vezes. Os desagravos teimosos, as vontades vaidosas ou as provocações com segunda intenção pululam por todo o lado. Afoitas cabras ariscas. São estados e formas de conteúdo pouco elegante mas, de aparência magnífica. São coisas de gente civilizada de acordo com as suas próprias regras.
Um destes dias, ao olhar pela janela do meu quarto vi um dia de sol radiante, cheio de bichos a voar e chilrear e a correr e sei lá que mais. Tudo liso, sem grandes segredos e nenhumas simulações. Lembrei-me que fazemos todos parte da mesma ópera, nós e os bichos.
Fiquei a olhar e a pensar como seria bom se fossemos todos só bichos, porque não os há sacanas. Não seria natural e é preciso ser-se sacana para pensar o contrário. No fundo, seríamos humanos com as regras universais de bichos. Seríamos um hibrido capaz de muitas coisas boas.... corrijo e reformulo, sempre o fomos, só que adulterámos tudo. Enfim, nada mais nada menos do que o humanamente habitual!
Um pouco ao contrário de Midas, tudo em que tocamos transforma-se em merda. Assim é e é-o de uma forma tão peremptória que assusta!
Uma boa parte (se não a maior) das nossas relações e interacções são ruins e conflituosas e, se não são, o mais certo é alguém fazer com que sejam. Inveja. É isso! Um sentimento do mais humano que se conhece. Rancor... outro. Remorso! Este é o pior de todos, porque é o sintoma de que sabemos quando fizemos asneira. Existem, ainda, algumas outras qualidades que nos são, igualmente, exclusivas tais como, por exemplo, a prepotência e a crendice. Meus amigos! Somos humanos e como esses, do piorio que qualquer planeta já teve ou sentiu.
Não me venham dizer que ser humano é ser imperfeito porque aos bichos também não se conhece a perfeição e, tanto quanto sei, não são humanos em nenhum sentido.
Em suma, temos que, ser humano ou apelar à humanidade de cada um, é desejar mal ao que quer que seja. De facto é ser-se, no minimo, sádico... é ser-se lei e infracção ao mesmo tempo. É ser-se, por definição, um potencial inimigo de tudo.

Valdevinoxis



A boa convivência não é uma questão de tolerância.


 
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Valdevinoxis
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/06/2008 20:01  Atualizado: 06/06/2008 20:01
 Re: Carta tão aberta como humana
Querido Valdevinoxis,

Estou aqui refletindo sua carta, e lhe digo que quanto mais conheço o ser humano, mais amo meu cachorro!!...pois há algo nele que até hoje nada superou, sua fidelidade de amigo, e isso meu caro, é como aquela história: é mais fácil encontrar uma agulha no palheiro, do que encontrar alguém tão fiel como meu cachorrro. Infelizmente, "a esperteza" e levar vantagem em cima das pessoas é a filosofia de vida de muitas pessoas que acreditam que a mentira vale a pena. E de repente, quando vc descobre que estão te fazendo de palhaço e mentindo pra vc, o que vc faz???....de fato ama mais seu cachorro!!

Adorei a carta e agradeço por compartilhar.bjo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/06/2008 20:48  Atualizado: 06/06/2008 20:48
 Re: Carta tão aberta como humana
Caro,

Fazemos parte da mesma fauna que vive no planeta.A diferença seria que somos racionais (?).Nós fazemos muita merda, mas é sempre bom lembrar que ela também serve de adubo...
Gosto de textos introspectivos como a tua carta.Eles levam o leitor aos questionamentos e dentro deles aparecem alguns respostas.
Bjins, Betha.