Quero...

Acredite que fiquei com um nó na garganta, ao ler estas palavras que como uma espada "rasgaram" o meu coração.
Foi uma viagem, ao passado da minha própria existência,sempre presente da minha própria vida.
Não pude deixar de comentar, pois ao ler suas palavras...como vida para minha própria vida, elas me trouxeram momentos lindos de um tempo, o meu, vivido, qual musa bem real...como um fruto proibido, do qual, na teimosia do meu insaciável apetite, desejei loucamente devorar.
Por este grande momento de imensa felicidade vivida...o muito obrigada.

o amor está no ar...
nesta prosa há a magia das sensações de quem se apaixona.
que belo!
boa sorte
abraço

Interessante texto que merece uma leitura comparada com o que se segue!


NÃO TE AMO

Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Almeida Garrett