Saudades de África
Hoje é noite de recuar no tempo
Imperativo que nasce de espontâneo crer
Inesperado impulso nesta hora acalento
Regressar a um remoto, distante viver.
Saudades vivas desse tempo de há muito
Dilaceram hoje a minha lembrança
Viajar ao passado é penoso, eu o sinto
Vale-me que brote sempre em mim a esperança
De África guardarei eternamente os cheiros
Os Pôr do Sol, a humana convivência
Terra de fartura, dos cafezais e coqueiros
De um povo sofrendo ancestral dolência
De Luanda guardarei eterna saudade
Onde vivi minhas horas de adolescente
Num profundo assomo de verdade
Mora em mim um sonho de África, latente
De África guardo hoje a nostalgia
Do Africano a bondade patente
Aceso o sonho de voltar lá um dia
Regressar no tempo é sonho premente
Do vasto oceano imenso e profundo
Respiro hoje ainda a suave aragem
Da baía de Luanda, extremado mundo
Ah, como guardo indelével a imagem!
Olema