Poemas : 

ate que fosse madrugada

 
ai quem me dera que tudo fosse diferente
que as gotas que escorrem da minha face
não fossem lágrimas mas sangue de gente
sou órfão das palavras que escrevo
sou o desastre que o destino tece

ai quem me dera não ter saído do cravo
que ainda alimenta a esperança
dos homens feitos soldado bravo
que arrasto desde tempo de criança

ai quem me dera aos serviçais do medo
uma morte rápida e indolor
num suspiro de alivio letal
que as mães do fogo pela manha cedo
festejassem o nascimento sem pudor

ai quem me dera que de forma liberal
os que fazem do ódio e repressão
a cantiga de alvorada
caíssem de maduros no chão
e sufocassem no próprio vomito

ai quem me dera depois de lavada a rua
e a liberdade agora libertada
pudesse andar por ela nua
ate que fosse madrugada






manesflama (jose neves)

 
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manesflama
 
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