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A Selva Humana

 
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A SELVA HUMANA
Atitudes forjadas, mentes perversas, jogos de interesses viciados. Pela existência de alguns, que teimam em existir, mas que mais não são que meros peralvilhos maneáveis ao sabor de uns quantos que teimam em corroer. Qual rato(s) de esgoto que por onde passa teima em corroer tudo que lhe passa pela frente. Pelo simples prazer que lhe proporciona esse gesto: corroer. Qual motivo se torna necessário, quando o prazer deste gesto, posicionado uns quantos patamares acima da existência humana, muito mais do respeito que merece o próximo, apenas o gesto em si, que assim lhe garante horas e horas de deleite.

Prosseguindo tal cadeia lógica (ou muito pouco), acelera o passo quando ao longe se apercebe ver algo de muito interesse: uma bola de queijo, que poderia ser uma simples fatia do bolo (que conhecemos bem), mas que realmente, é uma bola de queijo. Apressa-se assim, para a conseguir arrastar para um lugar mais tranquilo, em que lhe seja possível aprecia-la apenas para si. Quando lhe surge, de repente, um outro faminto pela frente não tem problemas em combater pela posse de tão belo presente. É pois, com algum sacrifício que consegue afastar o concorrente, mas ainda assim feliz, por pensar em deliciar-se com deleitoso manjar. Posteriormente, com a bela refeição terminada, continua sua incessante caminhada, por entre caminhos e atalhos à procura de tudo e de nada, apenas o seu bem-estar.

Com tão grande refeição poderia, se calhar, partilhar com o seu concidadão, mas sendo o egocentrismo o patamar mais elevado do seu organigrama, não haveria razões para tal. Este rato não tem outro fim, do que sucumbir sozinho, neste mundo selvagem.

É pois, este, o fim de indivíduos egocêntricos, que vivem num mundo à margem do respeito pela pessoa humana, à margem de todos os valores adjacentes ao humanismo. Amizade, respeito, dignidade, lealdade, democracia são conceitos absurdos no contexto de uma selva humana. Embora seja eu optimista e acredite na reciclagem de valores, é esta a sociedade em que vivemos, desumanizada, apenas orientada pela sede de poder, do absolutismo, da ganância. Meros objectos o homem representa, para serem depois de usados, depositados para um qualquer canto, amontoando um local já carregado de lixo. Simplesmente restos em estado de decomposição avançada, mas que ainda assim, submergem por vezes, para alimentar a arrogância dos seus gigantes proprietários, em troca de umas míseras migalhas.

Janeiro de 2002
 
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Clarisse
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