Poemas -> Amor : 

TABOADA

 
Hoje adulta e multicolorida
meu olhar preto e branco enxerga xadrês
Não sei de cor a cor ainda da Taboada
preciso da tua mão para atravessar a rua
nunca sei qual o tom do mosaico da estrada
tropeço na mesma via única há milênios
não entendo esse tráfego congestionado
essas artérias etéreas me confundem...
Dá-me os pés das mãos das tuas raízes fundas!
Mas, na igreja bizantina
na colina da Vila GUAI
repicam os sinos
vai começar a missa ortodoxa
das seis horas!
Seu Enídio crente sai com sua
bicicleta preta para ir trabalhar
na fábrica no bairro do Portão
Ele é operário religioso
enquanto a polaca Tida sua mulher gratina
o pão com gema de ovo e a gente come daquele pão fogo amarelecido petalado
No bagageiro da bicileta seu Enídio leva
a bíblia cristã
ele lê todas as noites em suas vigílias
de guarda noturno
Eu cresci e ainda não entendi a bíblia de Descartes
com esses complicados capítulos eróticos de fast foods
De olhares recicláveis, resfolegamentos dissimulados e latas de lixo de boca aberta
ajoelho no cadafalso e grito por Rembrandt
Veermer Van Gogh Velásquez
Gibran
Ainda piso descalça sobre os pregos
Não consigo entender a biologia quântica que plantando abóbora se colha amora
o hímen de ozônio deflorado é jurisprudencia
O martelo repica aos meus ouvidos
na acústica dobram os cravos na madeira
de purpura evapora a rosa prisioneira
busco além dos sentidos!

 
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lilianreinhardt
 
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Enviado por Tópico
antóniocasado
Publicado: 27/01/2010 05:15  Atualizado: 27/01/2010 05:15
Colaborador
Usuário desde: 29/11/2009
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Mensagens: 1656
 Re: TABOADA
Ola

Como disse alguém:
"Aprender, Aprender, Aprender sempre!"
Vladimir Ilianov

Deve ser essa a condição da vida.
Bonito poema.
antóniocasado



Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/01/2010 13:17  Atualizado: 27/01/2010 13:26
 Re: TABOADA
Este o meu entendimento actual da poesia concreta. Flui com naturalidade, cantante como a água que gorgeia na nascente. O poeta observa, ilumina as coisas e mostra tudo o que os outros não vêm.Dá-se mesmo ao trabalho de estabelecer laços vivos entre obejectos e entidades, inanimados, que aparentemente nada terão entre si.
Um poema superior.
Os meus aplausos

Abraço