O meu sofrimento dilacerava-te por dentro, como se a intuição de mãe insuflasse a minha dor ao teu ouvido. Eu via-a através do profundo silêncio vincado no teu rosto, espelhada no medo do teu olhar, impressa nas lágrimas que choravas sempre que partias por aquela estreita porta que dava para o corredor.
Partias e levavas-me contigo na dor a sangrar-te ao peito, como se quisesses arrancar cada espinho que despedaçava o meu corpo frágil, outrora robusto. E eu ficava ali prostrado ao grito que me consumia a carne. Pudesse eu arrancar-te a dor, mãe, livrar-te desse sofrimento que carregas ao ventre por mim.