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DESILUSÃO

 

Os vossos rostos não são rostos…
São qualquer coisa de maquiavélico e malquisto,
Retalhos de tridentes e maldições
Vénias de pragas vomitadas nas praças
Meio chá de absinto
Crenças em nenhum mito
Fúnebres paixões…

Os vossos olhos vampíricos
Derramam em redor pétalas de veneno e ácido sulfúrico
Como o mais perfeito dos odores!
Não olham… Retêm nas retinas
Partes de todos os movimentos,
Fragmentos de interpretações,
Lanças direccionadas à dor!
São as verdades… As vossas inúteis verdades!

Pousados no chão de todas as desolações
Ainda encontram sopro para mais uma maledicência,
Uma critica infundada,
Algo de venenoso e cínico solto da língua
Como a viscosidade de um caracol agonizante!
Querem lançar-se do penhasco da verdade
Como uma águia esquecida de voar
Sem coragem para levantarem voo do chão…
Do mesmo chão de onde nunca se separam
Agarrados à frivolidade de ideais amedrontados
Que mais não são que resquícios de vontades
Que o futuro desviou de tão obsoletos!

Não adiantam os babetes da mentira no vosso queixo
Nem os arrotos da hipocrisia no vosso jantar!
De tão farta de gorduras e excesso de açúcar
A obesidade da vossa inveja é flatulência
E o fedor apenas vos envolve como o “número cinco”
Que até podia ser outro número
Não fosse a letargia da vossa ínfima compreensão
Se arrastar pelos anais do desconhecimento
E a ignorância ter acampado no vosso cérebro
Como uma diarreia de tolices e falsidades!

Sois o que sois!
Pedaços de vómitos despejados na pia!
Rodilhas rasgadas estendidas num estendal de tédio!
Excrementos de imbecis!
Sois o que sois!
Ausência de estradas, caminhos, ou soluções
Vazios de ideias, fardos de palha ambulantes
Parasitas da vossa própria mediocridade!

Se por engano, algum dia,
Das vossas bocas se soltar uma verdade…
Suicidai-vos!

Um coro de abutres e cogumelos
Assistirá à fúnebre partida
Com a mesma tristeza com que um menino
A brincar junto da areia, numa praia
Assiste ao biombo das nuvens em torno do sol.

Se alguma lágrima me restar,
Ou a misericórdia de algum perdão me bafejar,
É porque, já cansado de tudo o que nunca sereis
Ainda consigo entender as vossas atitudes
À luz da tanta pena que todos me causais!


antóniocasado
1 Julho 2010

 
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antóniocasado
 
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