Poemas : 

Oração

 
Deus…
Que deus és tu para mim?
Quadro de imagens sentadas de olhos vazios.
Omnipotente carrasco das ideias que nascem livres…
Palavra da salvação que embrutece e castiga.
Deus…
Das avenidas em que te envergonhas das tuas filhas…órfãs, violadas, prostitutas, surdas da santa providência do reino dos céus, que lhes é em arbítrio o verbo da culpa, o que designas em mal a quem é desgraça.
És falso…rei da mentira divina que junca a terra de ódios e fomes no canonizo das guerras, dos assassínios, do estupro, da fome…o teu riso atraído pelos escuros do mundo inunda de cisma as esperanças em súplica…
Traidor…Deus.
Deus da fome, do degredo, da castração moralista e hipócrita…do abandono.
Sabes dos teus filhos crucificados?
Abandono.
Sabes das batalhas que anoitecem na terra onde éramos todos irmãos?
Sim…Abel e Caim no rosto dos homens, das crianças, das mulheres, perdidas em rogo á infinita bondade, que te inventaram em templos em ganância e dízimos.
Deus…
Os pontífices de ouro que confessam suprema a tua mentira, plantam na terra cruzes de ódio e enriquecem os templos com despojos de guerra.
Onde estás que ninguém te vê?
Filho da puta!
Mostra-te em corpo presente e verdadeiro…cruel ardor das feridas do universo!
Purifica de afecto as contradições que elevam a discórdia ao altar dos julgamentos divinos.
Deus…
Não existes!
Nunca exististe…
És a mais reles fancaria do engano da fé…
És de pau-santo, descoberto pelo sangue dos justos na selva das interrogações.
Pechisbeque…artigo de venda a trinta dinheiros que ressuscita nos cofres e em orações aflitas na boca dos cegos…de espírito.
Subtrais à mesa dos miseráveis o pão que lhes falta para viverem.
Tornas promíscuo o obvio sentido do amor livre e sem dor.
És um palhaço…um palhaço de ti mesmo.
E rio-me.
Rio-me por arrastar a tua ideia na lama.
Rio-me porque te sei invenção, manha e ardil.
Rio-me porque arderei com minhas mãos todos os templos que pronunciam teu nome…
Porque de renego, porque não te admito, porque não me rendo…
A ser mais um cordeiro, jogado ao sacrifício divino da mais diabólica mentira dos homens…
Deus…
Ès mentira,mentira,mentira...

 
Autor
lapis-lazuli
 
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