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O esquecimento azul (parte VII)

 
O esquecimento azul (parte VII)
 
Distraidamente, Francis seguia conversando com Lúcio até chegarem em um campo verde lindo! Lá estavam muitas crianças. Francis esboçou um sorriso de 'ponta a ponta', ao vê-las brincando ali... Umas soltavam pipas, outras jogavam bola, as meninas brincavam de bonecas e casinha, outras de roda e pique... Seguidas pelos olhos carinhosos de seus mentores.
Lúcio convidou Francis a sentar-se na grama fresquinha e orvalhada... Ficaram ali, a observar casa rostinho e brincadeira que as crianças inventavam.
Francis percebeu um menininho sentado embaixo de uma árvore, distante dos outros. Lúcio explico-lhe que ele era diferente, pois tinha sido autista, na Terra.
Para sua surpresa, seu mentor acrescentou que o menino, por ter passado assim no orbe terrestre, era apenas para enradiar sua força interior nos pais, que precisavam estar unidos para cuidar dele, e assim acabando com um carma de muitas encarnações anteriores:
_ Na verdade Francis, os autistas são espíritos elevados, mas não conseguem passar para os demais, quando estão encarnados, a sua mensagem... Porque é muito reveladora e conectada diretamente com toda física e química quântica que envolve a Terra...
Engraçado é que no planeta, são chamados de 'especiais', por se comportarem de maneira diferente dos demais, e no entanto aqui, sabemos que são bem mais avançados espiritualmente.
_ Fiquei contente em saber isso... Mas por que mesmo aqui, ele se comporta assim?
_ Ah, é porque ele chegou recentemente, se bem me lembro, nessa semana... Ainda guarda as memórias ligadas a carne... Mas com o passar do tempo, vai se revelar, na grande espiritualidade que tem. Depois será levado para um orbe em outra dimensão, bem mais elevada do que essa. Como se fosse um patamar parecido com o dos "anjos"...

_ Adorei ter vindo até aqui, amo crianças! Acho que sou uma eterna criança, por dentro...
_ Eu sei disso, Francis. Por esse motivo, quero te fazer um convite: Quer ser uma auxiliar aqui, nas horas que não estiver na 'sala da escrita'?
_ Mas claro que sim! Meu sonho na Terra, era ganhar um dinheiro que desse para montar um orfanato, para abrigar as criancinhas desventuradas pela vida...
_ Sei disso também, e para dizer a verdade, estudei muito de você, antes que aqui chegasse...
_ Estudou, foi? Mas de que forma, pelo aparelho?
_ Não, por um telão... mas isso não vem agora ao caso... Vamos então? Hoje você terá uma pessoa para lhe dar um depoimento, sobre as coisas que somem sem ter explicação...
Ela se levantou, com ajuda da mão de Lúcio estendida, e sem mais nada dizer, seguiram de volta ao prédio de origem.

***********

Um senhor dos seus 55 anos, a aguardava na sala da escrita, sentado em uma das cadeiras azuis, no cantinho que pertencia a Francis...
Francis se despediu de Lúcio, que seguia para seus outros afazeres, e entrou na sala dando um cumprimento para todos que ali estavam. Os outros escritores retribuíram a saudação, e continuaram atendendo aos seus relatores do dia...
_ Muito bem, então o senhor é o meu próximo relator. Como se chama?

Disse-lhe, apertando sua mão gentilmente...
_ Me chamo Gaspar Lemos.
_ Vamos começar, senhor Gaspar? Pode falar tudo que lhe vier na memória, estou aqui para ouvir e depois escrever da minha maneira, sua história...
_ Bem, sempre fui uma pessoa que cuidava das coisas, bem organizado, percebe?
Mas o que mais me incomodava, era quando as coisas sumiam lá em casa, ou no meu pequeno escritório. Não encontrava explicação para isso!
Minhas duas assistentes do escritório, ficavam 'loucas', procurando as coisas que sumiam! Eu exigia delas, aquilo que nem na minha casa, eu conseguia resolver... coitadas!
A minha esposa Ruth, era tão cuidadosa quanto eu, mas mesmo assim, os objetos sumiam e ficávamos nervosos com isso, até porque, muitas vezes eram coisas extremamente necessárias...
Um dia, uma amiga dela, que era espiritualista, disse-nos que isso era coisa dos 'duendes', que eram seres elementais que gostavam de pregar peças nas pessoas, escondendo tudo.
Claro que nem eu nem ela, aceitamos tal explicação! Isso para mim, era coisa de contos para crianças, ou desenho animado...
No entanto, mesmo com essa explicação meio 'tosca' da sua amiga, Ruth, foi pesquisar e descobriu que existiam seres espirituais que gostavam de fazer esse tipo de coisa mesmo: desmaterializavam um objeto e depois da pessoa até esquecer que tinha perdido, esse objeto reaparecia misteriosamente em outro lugar, que seria o último, a ser procurado...
Certa vez, procurávamos uma faquinha de serra da cozinha, muito usada por nós, e nada de achar... Quase um mês depois, ela reapareceu dentro da caixinha de costura de Ruth!
De outra vez, uma agenda sumiu, e só apareceu um ano depois, na estante da sala, onde procuramos muitas vezes ao tirar tudo, para limpar o pó...
O mais estranho, foi quando fizemos uma viagem para Paraíba do Sul, de carro: Ruth havia levado uma saia, dentro de uma bolsa, no porta malas, para trocar na hora do almoço no restaurante, pois viajava de bermuda jeans... Mas ao abrirmos o porta malas, a bolsa estava vazia! Quer dizer, a saia dela sumiu dentro da bolsa, no trajeto da viagem!
Gostaria que relatasse esses, e outros exemplos que lhe direi, para um capítulo especial do seu livro, sobre os 'achados e perdidos'... E como os espíritos podem fazer esse tipo de coisa, seja para brincar, ou para simplesmente deixar as pessoas desorientadas e nervosas, por algum motivo, que só eles sabem...
_ Sim, agora mesmo! Até porque, eu mesma já tive esse tipo de experiência na Terra, sei bem como é... Mãos a obra!

Assim, Francis dedicou o resto de seu dia, aos relatos do senhor Gaspar... Ela não quis brincar, mas sabia que ele tinha nome de 'duende': GASPAR, O GNOMO DA PROSPERIDADE, ironicamente...

( continua )

Fátima Abreu
***** *****

Nota a título de curiosidade:
Mensagem de GASPAR: "Prosperidade não consiste em ter, mas em ser"
http://www.alemdalenda.com.br/v_foto.cfm?id=658
 
Autor
FátimaAbreu
 
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