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Como sujar as unhas com terra

 
Ainda acordo cedo como antes,
Às vezes preciso me guiar com as mãos.
O Sol se anuncia, agradeço o instante.
Há momentos que ele é parceiro,
Em outro castiga, mas tem a sombra.
É que quando saio de casa assim,
É sozinho e despido de quase toda vaidade.
Quase porque o arreio é acolchoado. Sela de qualidade.
Junto aos demais, para juntarmos a boiada,
Quando há muita água, cheia, o rio se mistura ao suor, com enxurrada.
O boi cambaleia dentro d’água, peão mergulha e salva.
A vaca de cria com água até o pescoço, eu também, mas nadava.
Em terra que alaga é assim. Ou é muita água ou é seca.
O Pantanal é o contraste de si mesmo.
O pantaneiro é segmento dele, porque senão, é morte.
Quando saio de casa, assim, tão cedo,
Saio para lavar os pés em corixos,
Saio para sujar as unhas com terra.




 
Autor
FabianoReis
 
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