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O MISTÉRIO DA EXPONENCIAL (de "Vozes do Aquém")

 
Tags:  desejo    poder    folha    exponencial    pompa    cócegas  
 
Ao tocar com a ponta do dedo
a gota de orvalho
que escapa da folha,
para me fazer cócegas,
multiplico totalmente
o meu desejo
de ser eterno,
não para durar,
mas para gastar
com toda pompa
cada uma dessas
pequenas regalias,
que, paradoxalmente,
o mundo das coisas
coloca no caminho do Espírito.

Creio no poder da exponencial,
mas não cegamente,
e, por isso mesmo,
sou compelido
a experimentar
com a boca
e com o nariz,
colocando entre parênteses
a incógnita,
já que decifrá-la
pode significar
antecipar,
o que seria
tudo
que não quero.

Ao contrário do pião,
a espiral é variável,
dependendo da linha,
para rodar
e retornar ao ponto de origem,
se é que a base
esteja plana
e vazia de líquidos.

As nuvens são vitais,
para dar repouso
aos anjos
e alimentar
os meus sonhos,
amolecendo um pouco
os números,
que quase
formam palavras
e
falam.

O vento,
guardado nos montes,
desaba afinal
arrancando
de cima da mesa
o broche prateado,
o qual, porém,
não cai,
já que sua ponta
serve para arranhar
a página do destino,
freando de novo
meu ímpeto
juvenil e fora de hora.

Só me cabe
não passar do ponto,
embora
tudo leve ao retardo,
senão os estampidos
da finitude
se quebrando
de encontro
aos fiordes
do fim do mundo.

 
Autor
NelsondPaula
 
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