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LEMBRANÇA DE CASA

 
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LEMBRANÇA DE CASA
(Jairo Nunes Bezerra)


Hoje, depois de tanto tempo, veio-me a lembrança de minha adolescência e tudo por causa do cheiro de bolo que senti ao passar em frente a uma confeitaria. E o aroma era de milho amanteigado. Canjica da época da comemoração da festa de São João, às vezes estendida até São Pedro. Pois bem, era o cheiro característico da nossa casa. Minha mãe, Dona Minerva, adorava fazer bolos e doces. Os passantes da proximidade da nossa moradia inventavam uma desculpa para aproximação dos bolos. E não saia enquanto não os provasse. O mais
habitual era o pároco da cidade. Até diziam que a comida lá de casa o estava engordando. Nada disso, o padre apenas comia três fatias de bolos e ainda quente. Não vou falar dos doces de goiaba e banana, pois iguais aqueles não têm aqui: Avermelhado e gostoso! Minha irmã Cidinha (diminutivo), pequena na época, mais de apetite infernal, muitas vezes deixou-me a ver navios! Não a culpo, pelos seus 70 quilos adquiridos naquele tempo. A comida era um grande incentivo à aquisição de quilos. Não podia deixar de citar que a mesa da sala
tinha quatro metros de comprimentos e dois metros de largura e, anexadas a ela, mais de vinte cadeiras. E estas
sempre estavam ocupadas. Tempos bons em que se comprava arroz e açúcar em sacos de 60 quilos e cento de ovos. Até parece que se encontram à minha frente os cachos de bananas. Isso não refletia boa situação financeira. Era natural em quase todos os lares. Foi uma época que se trabalhava para alimentação. Não se pagava IMPOSTO DE RENDA, IPTU, IPVA, ICMS, CONDOMÍNIOS, TAXA DE ILUMINAÇÃO, TAXA DE CALÇAMENTO, ÁGUA ENCANADA, PLANOS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA, TELEFONE E NÃO
SE DAVA ESMOLAS. A educação consistia no término do curso ginasial. E só dois empregos: Fiscal de
Consumo e Banco do Brasil. Empregos naquele tempo, equivalentes aos cargos de ministros atuais. Só
Que os primeiros eram produtos de muitos esforços. E os de ministros, cargos políticos, presentes dos presidentes, que, por sua vez, foi agraciado pelo povo. Não estou aqui para falar dos impostos e tampouco de política. E sim, dos BOLOS. Minhas desculpas!

 
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Jairo Nunes Bezerra
 
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