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Chão do meu aconchego

 

Este chão duro, gretado pelas amarguras
da vida, sopradas por vendavais
de estivais desencontros,
olha-me indiferente, silencioso,
recusando-me o sorriso que lhe ofereço!

Ai, este chão que pisamos displicentemente,
que nos oferece generosamente alimento,
Sofre a dor e a desdita da incompreensão
do tempo que o avassala,
aceita calado, as agruras e investidas da natureza
que lhes sulca impiedosamente o corpo!

Chão sofrido, verdejante ou ressequido,
árido, fértil ou florido,
que carinhosamente nos acolhe
pela eternidade, silenciosamente!

Este chão que se submete
às nossas vontades,
ignorado e espezinhado,
ingloriamente!

Este meu chão, chão da minha existência
onde me aconchego,
na ausência de asas, para voar.

José Carlos Moutinho

 
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zemoutinho
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/05/2013 17:06  Atualizado: 24/05/2013 17:06
 Re: Chão do meu aconchego
Beleza seu poema! fiel retrato
de um mergulho na auto-reflexão.
Muito bom.