Poemas : 

Velho trapo

 
Abandonado num banco de jardim,
Jaz felicidade, jaz jasmim,
O tempo passa, já ninguém se lembra de mim,

Oh tempo, que levas-te o meu sustento,
Foi mentira o sentimento do meu filho,
Mas apesar de tudo continua cá dentro,

Não minto, levaram-me o retiro,
Agora num lar onde ninguém quer falar comigo,
Ou sou apenas só eu,
Que não quero fazer novos amigos,


Os dias passam… lentamente devagar,
O sol aqui há muito que deixou de brilhar,
Solidão reclama um lugar para ficar
E eu só numa cama que lembra um caixão,
Nele a divagar…


Passam horas e horas,
As tarefas são forçadas
Por umas mãos enrugadas,
E costas enferrujadas…
Tornei-me inútil até quando ao das palavras,
Enquanto isso são as enfermeiras que me lavam,
E conto meses que os meus filhos não me falam,
E passam, os dias passam e os meus netos nunca me conhecerem,
Não imaginam que solidão também são maus tratos,
E esqueceram que um dia serão eles os velhos trapos…


Alípio Pinto 12/12





DanielCampos

 
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DanielCampos
 
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Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 14/05/2013 23:22  Atualizado: 14/05/2013 23:22
Usuário desde: 03/09/2012
Localidade:
Mensagens: 18124
 Re: Velho trapo
Poeta

Agora num lar onde ninguém quer falar comigo,
Ou sou apenas só eu,
Que não quero fazer novos amigos,


Descreveu um triste abandono!
Parabéns pela inpiração!
Beijos!
Janna

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/05/2013 00:12  Atualizado: 15/05/2013 00:12
 Re: Velho trapo
Bastante interessante o desenvolvimento
da idéia que nos aproxima da solidão e
prevê o final de muitos de nós.
Gostei.