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UM PALHAÇO LEVIANO

 
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Não me entendi com a Laura;
Mas encontrei a Isaura,
E disse-lhe: - És toda minha.
Zanguei-me com a Odete,
Quando saí da retrete
Que aqui se chama “casinha”...

Fugi à teia da Lurdes,
Quando apanhei a Gertrudes
A gritar à Manuela
Cobri de beijos a Flora,
Fiz carícias à Aurora,
E aturei a Gabriela...

Mais tarde vi a Joana,
Ouvi as crises da Ana,
A sonhar com a Isabel;
Seus beijos deixam saudade;
Se ela só me dá metade,
Vou cortejar a Raquel...

Fumas tanto, Filomena.
Vou dançar com a Helena,
Que me saiu grande actriz.
Puseste-me doido, Nélia;
E após irritar a Amélia,
Fui ter com a Beatriz.

Despedi-me da Marília,
Pedi namoro à Lucília,
Que responde, a gaguejar:
- Agora?... Não! Tenho dois!
Pensemos nisso depois...
Vê se engatas a Pilar...

Não engracei com a Rita,
Que apesar de ser bonita,
Tem uma voz de trovão.
Derricei com a Ivone,
Que adora o meu saxofone,
E é melhor que a Conceição...

Muito estudas, linda Inésia!
Não padeces de amnésia;
Assim fizesse a Felícia.
És refilona, Evelina.
Diz à tua irmã Aldina,
Que é um monstrengo a Patrícia...

Chamei nomes à Elisa;
Quis abraçar a Luísa,
Que achou em mim pouco afecto.
Enrolado em tanta fêmea,
Dei beliscões à Noémia,
Que gritou logo: - Quieto...
Encontrei a Margarida:
Chamei-lhe jóia querida,
E ela respondeu: - Amor!
Achei piada à Natália,
Brinquei com a Juvenália,
Fui ter com a Leonor...

Fiz uma excursão à Rússia
E trouxe comigo a Lúcia,
Por detestar a Fernanda;
Sonolento, com Inércia,
Deixei em paz a Natércia,
Puxei uma orelha à Vanda...

Cala-te um bocado, Augusta!
Não sabes quanto me custa
Ouvir-te, zaragateira!
És um sonho, Deolinda!
Que pena ver a Almerinda
Sempre, com tanta peneira!

Fui jantar com a Marlene:
Lá estava também a Irene,
Que faz barulho a comer.
Por triste fatalidade
Ouvi a Natividade
A noite inteira a gemer...

Ontem perdi toda a aula,
Para ouvir sorrir a Paula,
És uma jóia Teresa.
Vou dar de oferta à Eduarda,
Sabem o quê? Uma albarda,
Prémio da sua beleza...

És tão piegas, Eunice!
Fui ensinar à Alice
A fechar um balneário.
Com grande escárnio e perfídia,
Chamei estafermo à Lídia,
Que fez queixas ao Vigário...

Não dou mais trela à Virgínia.
Prendeu-me a querida Hermínia;
Procura outro, Esmeralda.
Vens lá da tua parvónia,
Tão atiradiça, Sónia.
Antes a paz da Mafalda...

Fui hóspede da Sofia;
Enfim, casei com a Luzia,
Até hoje, em boa hora;
Arranjei quatro rapazes,
Que espero sejam capazes
De me imitarem, agora...

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Autor
FRANCISCO QUARTA
 
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