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MAIS CATARRO, DE SEU QUERIDO BEM QUERER

 
Tags:  poesiacontemporânea  
 
MAIS CATARRO, DE SEU QUERIDO BEM QUERER
 
(Jádison Coelho)

Tenho aqui,
bem aqui,
catarro que enrosca na minha goela,
catarro que rumino no vai e vem,
catarrárrárrárrárro
que em meio tanta saliva,
por pouco irrita!
Catarro, seu eremita, pronto para fazer reunido
catarrárrá-rárrá-rárro numa cusparada só
projetada no teu nariz, nos teus olhos bentos,
na tua boca que confunde eu
com qualquer outro orifício
de dejetos mal cheirosos.
E antes fosse isso,
seria isso aquilo que pelo menos serve de adubo
e nem se compararia ao meu catarro,
um instrumento de excreção de tanta pureza
que pra mim de ti foi ofertada
com o labor da sua mais nobre inTENSÃO
de me revirar ao quadrado
para tornar-me à sua maneira tola de dizer:
Oh! Veja-me nas roupas nobres por serem simples,
veja-me no belo porte que exclui um escarcéu
o quão gosto eu de rolas,
eis aqui o que não cabe à nenhuma moça:
a minha mor sorte!
Hum, mas não, eu escarro
e sujo todo o teu tecido alvo
com o meu catarro no alvo das tuas vergonhas
e até escarrárrárrárrárro
na face de um tal clássico isolado,
e beijo o rosto do teu Cristo,
e apesar dum pouco de você eu gostar,
assim como sei que dum pouco de mim
a ti é um agrado,
tu por mim três vezes é negado,
mesmo que agora confesso-te admitindo
ser eu feito barata:
que te catarra,
que te beija,
que te escarra,
que te morde,
te catarrárrárrárrárra
e depois,
assopro-te.
Então, bem feito pra ti, eremitão,
que saíste do teu esconderijo
do teu deserto para se relacionar
logo com quem (?):
comigo,
Seu Querido Bem Querer!

Pra não mandar todo o mundo pra...
 
Autor
JádisonCoelho
 
Texto
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/08/2013 18:17  Atualizado: 25/08/2013 18:21
 Re: MAIS CATARRO, DE SEU QUERIDO BEM QUERER
(sobre o texto)
li-o e fiquei aqui pensando, após algumas cusparadas de catarro e assuadas para desobstruir os brônquios e o duto nasal, resquício duma constipação infernal qual fui acometido há vários dias e que atormentou-me, mas; não mais o que trouxe esse texto no seu bojo...
...será que é com textos do gênero que se dará antecipadamente o início do fim da poesia deste tempo, mesmo de ela ainda não ter ser consolidado inteiramente nessa contemporaneidade? se foi intuito deste texto chocar; não chocou, nem mostrou-se evoluído aos padrões excêntricos neste modal de escrita... faltou o elã... talvez num arroubo, fosse um poema que mandasse todos e tudo à merda...
abraço carioca