Mergulho no vazio,
vou ao Inferno!
Queimam as chamas
mas não aquecem,
sinto frio!
Minh'Alma de chagas,
é exposta ...
Abraça-me a dor até à carne!
Adormece em mim
como se meu corpo fosse seu berço...
E eu, aos pés da cruz,
sou prostrado, desfiando um terço!
Invado, transfiguro,
vou ao fundo da Terra.
Às raizes congeladas do meu Ser,
aí, onde habita a guerra ...
Vazio! Oco! Nada! Quiçá saudade ...
É onde mergulho!
É de onde me invado!
Hei-de chegar à Alma -
- hei-de encontra-la!
Erguer-me renascido
das cinzas intemporais,
porque tudo o resto que me vive,
é em vão, não importa mais ...
Ricardo Louro
- no café, a Brasileira, no Chiado, em Lisboa -
Ricardo Maria Louro