Poemas : 

CAMOMILA

 



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CAMOMILA



nas tardes suaves
quando o vento sopra devagar
e o sol já esta fraco
pego minha bicicleta
e é só começar a pedalar
que sentimentos antigos
nascem dentro de mim
moleca, cabelos meio avermelhados
uma franjinha marota
cheirando a shampoo de camomila
e lá ia eu descendo e subindo ruas altas
deslizando nas ladeiras abrindo as pernas
e rindo da própria vida
a bicicleta não era minha
era emprestada
mas os sonhos, esses não!
esses eram mesmo meus
pedalava, pedalava, depois subia as pernas
no guidão da bicicleta
soltava as duas mãos
e naquele momento, com aquele vento
e aquela liberdade escancarada
batia tão forte meu coração!
hoje quando pego minha bicicleta
e começo a pedalar
meus cabelos ao vento
dá-me aquela sensação de levar
meu pensamento
então pedalo, pedalo, e a calcada é longa
e eu vou indo, vou indo...
quero essa sensação de liberdade viva
quando contorno os buracos
subo as ladeiras...desço-as com velocidade
sensação de controle
é como se de repente eu estivesse controlando
minha vida, meu destino
como se não houvesse solidão, tristeza,
vazio, nem ao mesmo futuro
e sim somente aquele presente
naquele sol fraco tocando minha pele
no vento frio eriçando meus pelos
nos meus cabelos que voam
nos meus lábios que ressecam
nesses momentos
queria que a vida fosse assim
um pedalar constante
zunindo nas calcadas
juntando as esperanças
e vendo meu cabelo voando...
brilhando ao sol
cheirando a shampoo de camomila


*Mary Fioratti*




 
Autor
MaryFioratti
 
Texto
Data
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1843
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Licença
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