Sonetos : 

Soneto dos butres acoitados

 
“Ó vós, que nesse fogo eu juntos vejo,
Se por serviços meus, quando vivia,
Revelei de aprazer-vos o desejo,
Nos sonoros versos que escrevia,
Detende-vos: benévolo um nos diga
Onde viu fenecer o extremo dia”.

A Divina Comédia - Inferno - canto xxvi





Onde vedes a soberba águia rompante, vejo butres,
acenando infestas asas funestas, garras amoladas,
pairando por sobre dejeções da caterva de futres,
aduncos bicos num reles festim de fezes evacuadas

De carcaças putrefeitas, nutridos, desvalem o breu
à plena luz do sol maltrapilha malta aviva as sanhas.
Que o fulgor do lum’ imortal logrado por Prometeus,
queime os nocentes vis devoradores de entranhas.

Da rapacidade da inspiração d’outros, abjetos vates,
nutris, como carniceiros a sonegar palavras alheias,
buscais alimentar vossas sórdidas criações impuras.

No alarido dos versos que vomitais com’ arremates,
não passais de rapinas sórdidas das letras ateias,
aguardais acoitados, n' olhos d’um poeta iluminuras.




[aguardam a inspiração áurea para se deliciarem
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como se dentes tivessem
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he he....
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atiro-vos os bucos ]

 
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shen.noshsaum
 
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