Contos -> Natal : 

A chaminé - conto de Natal (AjAraujo)

 
Open in new window

Havia sido um ano muito difícil. Jonas estava desempregado há 5 meses, sustentava a casa com pequenos biscates, que em tempos de crises, já andavam escassos.

Muitas vezes tocava campainhas oferecendo serviços de jardinagem, podas, retirada de entulhos e pequenos consertos em geral.

Na semana que antecedia o Natal, Jonas ganhou alguns trocados instalando enfeites e luzes nas sacadas de casas e lojas.

Ele dava um toque bem pessoal a estas decorações pedindo ideias aos clientes sobre o que gostariam de desenhar com as luzes, desde que havia visto uma reportagem sobre o “Natal das Luzes” em um porto, na cidade de Sarnia, no Canadá.

Margareth, a companheira de Jonas, se ocupava com as encomendas de tortas de nozes e panetones, que eram habituais nesta época e ajudavam a reforçar o minguado orçamento doméstico.

E ao belo casal de crianças - Raphael e Bernadete - cabia a tarefa de entregar as encomendas. Enquanto se apressavam para cumprir todas as entregas, imaginavam o que lhes estaria reservando o Papai Noel, pois este “bom velhinho nunca falha”.

Elas contavam apenas 8 e 10 anos de idade, eram uma simpatia e, muitas vezes voltavam para casa com algum brinquedo ou roupa, que generosamente algumas pessoas lhes davam, pois reconheciam os esforços de seus pais e as dificuldades que enfrentavam.

Jonas já retornara exausto para casa, estava tomando uma boa sopa de inhame com salsa e cebolinha verde, quando chegou um carro e buzinou a sua porta. Pediu a esposa para atender, então ela retorna e diz a ele:
- Jonas, com os ventos a chaminé da casa do prefeito caiu e eles querem que você vá consertar para não desapontarem as crianças que tem a fantasia da chegada de papai Noel pela chaminé.

Jonas estava bastante cansado, era noite, ameaçava chover, e além disso na noite anterior nevara e com o dia ensolarado, a neve derretera e o telhado decerto estaria escorregadio.

Mas ele não era uma pessoa de recusar desafios, assim prontamente aceitou o serviço. Ele indagou se havia escada de madeira com extensão grande e, após confirmarem, ele checou todos os itens de sua caixa de ferramentas, e despediu-se da família prometendo que chegaria ainda a tempo para a singela ceia natalina.

O cansaço e desânimo de Margareth contrastavam com a alegria das crianças, “... pois é, para elas não há tempo ruim, pensou”. Afinal, o que seria do Natal sem a doce magia, a fantasia e a esperança retratadas nos rostinhos e olhares atentos de cada criança.

Eram oito horas da noite, a chuva parara, os flocos de neve voltaram a cair e a algazarra era grande, cada qual procurando juntar neve para o clássico boneco na frente das casas. As casas estavam bastante decoradas, pois a chegada do dia em que se comemora o nascimento do menino-Deus era sempre motivo de grande expectativa e preparativos no condado.

Raphael e Bernadete extasiados brincavam de jogar bolas de neve, enquanto a mãe os chamava para o banho e para se arrumarem para a ceia. Já passava de dez horas e nada de Jonas retornar, porque demorava tanto? Margareth estava mais apreensiva do que de costume.

Enquanto isso, Jonas com bastante dificuldade conseguira recolocar os últimos tijolos da chaminé. Ele torcia para que a argamassa secasse logo com o calor da lareira que seria reacendida após terminar o conserto.

A catedral já tocava os sinos chamando para a missa de natal, que terminaria às onze horas em ponto, a tempo de todos estarem em casa antes da meia-noite. O padre Smith fez uma bela homilia do evangelho emocionando a todos, recordou o papel dos pastores no nascimento de Jesus. Segundo o padre, acolhimento, a solidariedade e a fraternidade eram os lados de um triângulo equilátero onde reina o amor infinito pregado por Cristo.

A poucos metros da igreja ficava a casa do prefeito, então não passou despercebido dos fiéis o barulho de algo caindo do telhado. Um coroinha que preparava a patena e os cálices para serem conduzidos ao altar desde a entrada da igreja foi quem deu o alarme.

O prefeito que assistia ao ofício cutucou o assessor James e pediu que ele se dirigisse ao local, pois ficara preocupado com a possibilidade de um acidente envolvendo Jonas. James observou bastante consternado a figura de Jonas.

Ele havia caído sob uma planta ornamental que ficava em um grande vaso na lateral da casa. Um degrau da escada havia partido e ele despencara de uma altura de 5 metros, estava desacordado, mas não havia sinais aparentes de sangue na roupa.

Os bombeiros foram prontamente acionados, constataram que Jonas estava vivo e inconsciente e, após os procedimentos de imobilização levaram-no para o Pronto Socorro que distava 30 minutos do condado, passando por uma estreita estrada bastante escorregadia, com toda a cautela para não derraparem.

Margareth ainda não sabia do ocorrido, ela estava tão cansada após um dia tão exaustivo, que se desculpara quanto a ausência na missa natalina, em bilhete entregue por seus filhos junto ao bolo de nozes preferido do padre. Ela estava atrasada para os preparativos da ceia, que seria muito simples, a despeito disso, ela capricharia para que todos pudessem comemorar com dignidade.

Enquanto isso...

Jonas atravessa um caminho com folhas secas, ainda um pouco atordoado, parecia-lhe que algo batera em sua cabeça. Ele se encontra diante de um cenário majestoso, gigantescos ciprestes e pinheiros cobertos de neve. O que estava fazendo naquele local? Como chegara ali?

Foi quando começou a surgir diante de seus olhos uma figura com vestes alvas e uma túnica também branca, e de súbito parou e lhe dirigiu a palavra:
- Jonas você terá uma missão muito especial nesta noite.

Jonas escutara atentamente a mensagem que lhe fora dada, era uma nova missão e, como de outras vezes, esperava desempenhar a contento, ainda que estivesse estranhando tudo pelo qual passara desde que aceitara fazer o conserto da chaminé. Ele só se lembrava de haver terminado o serviço.

E, na cidade...

O padre e o prefeito dirigiram-se ao hospital, tão logo terminara o ofício religioso. Estavam bastante preocupados com o estado de saúde do pobre Jonas. James teve a incumbência de relatar o ocorrido para a família de Jonas. Margareth ficou em estado de choque e as crianças começaram a chorar convulsivamente. Como Deus permitira que aquilo acontecesse a Jonas?

O senhor de longas barbas entrega a Jonas, as rédeas de uma bela carruagem, a quem confiara a missão de substituí-lo aquela noite. Jonas ainda achava tudo muito confuso, como de uma hora para outra, ele deixara de ser um simples biscateiro para tornar-se um emissário de natal, o que isso implicaria? E sua família como estaria?

Enquanto vestia os trajes especiais preparando-se para a partida, Jonas recebeu as últimas orientações daquele sereno senhor, cujos olhos pareciam cintilar como estrelas no firmamento e cujas mãos tinham um toque de um pianista.

Já se aproximava a meia noite, as crianças excitadas deixaram o sono de lado, e puseram os sapatinhos junto à lareira ou na janela. Os pequeninos que dormiram mais cedo sonhavam acordar com os presentes em seus quartos.

Na casa de Jonas, o que as crianças mais queriam era o papai de volta, Margareth não pode ir ao Hospital, pois não havia com quem deixá-las. A ceia de natal fora adiada para o dia seguinte, estavam todos muito tristes, o pequeno Raphael disse: “eu só quero um presente neste natal, o meu querido papai de volta, que papai do céu ajude ele a melhorar”. Raphael já fizera a primeira comunhão e se preparava para ser coroinha.

As notícias do Hospital não eram animadoras, Jonas havia sofrido um traumatismo craniano e continuava em coma assistido, após ter apresentado algumas crises convulsivas. A cidade toda vivia uma grande expectativa quanto a situação de Jonas.

Enquanto isso...

Jonas seguia entregando os presentes, entrando em cada chaminé – por mais apertada que estivesse – ajeitando a barba postiça e a tradicional roupagem e túnica vermelhas. Ao final de tão longa jornada, ainda restavam alguns casebres na beira da montanha, para as entregas dos presentes natalinos. Em um destes casebres morava a família de Jonas.

Então, o velho senhor de longas barbas tocando Ele próprio uma harpa celestial chamou as renas e disse a Jonas que aquela parte do trabalho Ele mesmo faria. Jonas retrucou amavelmente dizendo “nada disso, com sua licença, o senhor pode ficar descansando, eu preciso terminar o trabalho a que me confiou, com Jonas sempre é assim, o que começo sempre termino”.

O velho senhor cofiou lentamente os fios de algodão da barba e dirigiu um olhar carinhoso para Jonas, dizendo-lhe: “Meu filho, conheço melhor a sua história do que você possa imaginar, sei do que é capaz. Mas você irá junto comigo, certo?

- Quero que esteja presente! Porém, quero que compreenda, que a mim sempre confio esta tarefa, me encanta ver aqueles pequeninos sonhando pelo presentinho mais simples de natal, eles quase nunca fazem pedidos extravagantes, se contentam com coisas bem simples, que já os deixa felizes. E tenho uma surpresa muito especial para Raphael e Bernadete.

- Ah, eu posso saber, senhor? Disse um curioso Jonas. Enquanto o senhor apenas sorria e colocava uma mão sobre sua cabeça... Ainda não, caro Jonas, retrucou.

- Mas, insistiu Jonas, o senhor me conhece tão bem, sabe até meu nome, onde moro etc. e tal, mas até agora não me disse como se chama.

- Jonas você me conhece mais do que imagina, conhece mais do que muitas pessoas, eu nem precisei ser apresentado a você, estou certo?

E, na cidade...

A ceia de todos não havia tido o brilho de antes, não viram sequer um asteroide riscando o céu de inverno – tinha um simbolismo era como se estrela de Belém voltasse milênios depois de orientar os reis magos – suas orações natalinas incluíam também a Jonas, para que Deus tivesse compaixão e lhe desse uma chance de passar aquele natal com a sua família.

As crianças foram dormir e os adultos no habitual cumprimento e troca de abraços e presentes com os vizinhos nas portas de suas casas combinaram que iriam fazer uma vigília de natal na entrada do Hospital onde Jonas lutava entre a vida e a morte, lembraram-se que os pastores assim fizeram admirando o menino Jesus na manjedoura.

E assim seguiram silenciosos, levando suas velas, a eles se juntaram o padre, o rabino e o pastor que seguiam à frente com o prefeito. A noite estava fria, mas suportável, quando irrompe um jovem de sandálias franciscanas e meias, com túnica alvas, mais clara que o branco da neve, não devia contar mais do que 10 anos.

Estavam todos estupefatos, quem seria aquele jovem, todos se perguntavam, mas não tinham coragem para se aproximarem, tamanha a energia e a vibração que dele emanava. Ele pedira educadamente para que abrissem caminho para que se dirigisse à porta de entrada do Hospital. James, o fiel assessor se oferecera para acompanha-lo, mas o prefeito lhe fez um sinal para que não interrompesse aquele jovem.

Passaram-se algumas longas horas...

Ao amanhecer, todos ainda se postavam em vigília, Jonas seguia em coma profundo, a dedicada equipe médica e de enfermagem não pregara olho. Eles estavam tão imbuídos na tarefa de salvar a vida de Jonas que sequer havia tocado algum pedaço dos quitutes de natal que aquela adorável gente havia levado para eles.

Os primeiros raios de um sol que ainda se espreguiçava no horizonte começavam a surgir e, de repente aparecem crianças vestidas humildemente, a frente de seus pais, elas com certeza vinham das redondezas, dos casebres ao pé da montanha, onde morava a família de Jonas.

Cada uma delas carregava uma fita enrolada nas mãos, eram fitas de tantas cores que não caberiam no arco íris que começava a se formar na cidade com as gotículas de uma garoa fina que se misturava a neve e aos raios solares.

Elas chegaram e foram entregando, sem fazer ruído, as fitas a cada par de pessoas que se postavam em vigília pela saúde de Jonas. Em seguida pediram para que abrissem e expusessem o que dizia cada fita.

Então foram surgindo palavras terminadas em “dade” capitaneadas por solidariedade, fraternidade, humildade, caridade, bondade, amizade... (as reticências são para o leitor completar).

Seguiram-se as palavras terminadas em “or” lideradas por amor, flor, cor, clamor, dor; e após tantos conjuntos de palavras, finalmente as palavras terminadas em “ação” lideradas por superação, determinação, resignação, sublimação, reação...

Alguém perguntara a uma das crianças, quem lhes dera aquelas palavras e como surgira esta ideia maravilhosa. Foi quando Bernadete, filha de Jonas que também chegara, tomou a palavra e lhes disse:
- Estas palavras vieram junto com nossos presentes de natal, mas a minha eu ainda não abri, quero abrir para mostrar a meu pai quando ele acordar deste “sono de natal”.

Todos mergulharam em lágrimas, estavam muito emocionados, o que haveria estaria escrito naquela fita de Bernadete?

Enquanto isso...

Jonas com a cabeça recostada no velho senhor de longa cabeleira branca, estava em profundo sono. O velho senhor deixava escapar furtivas lágrimas – ah, sim ele se permitia a estas emoções também, mais do que pudéssemos imaginar, era sensível o danadinho -, que corriam em direção ao arco-íris, mantendo aquela manhã incrível que se descortinava paulatinamente.

O velho senhor havia se comovido bastante com a manifestação da gente daquele condado, com cada frase que aquelas crianças leram. Havia dado por terminada a sua missão de natal, naquele ano. Mas onde se metera aquele jovem, que adentrara o Hospital e não mais saíra? Esperava retornar antes que o sol despertasse e, no entanto, ainda estava por lá.

E no Hospital...

Os doutores Jim e Mary e a enfermeira Verônica lutavam bravamente se revezando nas massagens cardíacas e com o respirador, além de medicamentos para superar as paradas cardíacas de Jonas, ele já havia parado por três vezes, todos estavam exaustos.

O Dr. Thomé saíra mais cedo do que de costume de sua casa, iria fazer a rendição de plantão dos colegas da noite, ficara espantado com a beleza do céu naquela manhã de Natal e, mais ainda, perplexo com a grande aglomeração de pessoas na entrada do Hospital e na praça em frente. Acontecera alguma coisa muito especial para o condado despertar tão cedo no dia de natal.

Dr. Thomé era um jovem médico negro que emigrara de Darfur, em virtude dos conflitos bélicos em sua pátria, o Sudão. Ele havia atuado em muitas frentes de socorros a feridos de guerra no Norte da África, pelo Crescente Vermelho (como se denomina a Cruz Vermelha no Oriente Médio).

Ao chegar à entrada do Pronto Socorro, um jovem de túnica branca, ajoelhado e imerso em profunda oração, com as mãos estendidas lhe chamou a atenção, ele trocou um olhar com aquele jovem, perguntou se era parente de alguém que estava hospitalizado.

O jovem lhe disse que sofria muito pelo que acontecera com Jonas e que estava à espera do doutor Thomé, pois o mesmo já havia atuado com sucesso em muitas missões. Thomé se surpreendera mais uma vez, como aquele jovem poderia conhecer tanto de sua vida.

E então o jovem pede ao Dr. Thomé que aguarde um momento - enquanto se apronta para entrar no pronto-socorro -, se dirige a porta do Hospital e pede ao guarda que deixe a pequena Bernadete entrar para falar com Dr. Thomé.

E o jovem de túnica branca, se dirige a Bernadete e pede que ela entregue a fita para o Dr. Thomé, que a recebe, lhe dá um abraço de feliz natal e agradece o presente. E lhe pergunta: “Pode me explicar o que significa esta mensagem”?

Bernadete diz “doutor, abra esta fita, mergulhe nela e dê o máximo de si para ajudar com seus colegas a salvar o meu papai Jonas”. Dr. Thomé emociona-se, abre a fita e surge diante de seus olhos uma mensagem brilhante com os dizeres: “Deus é amor, é vida, tenha fé e tudo ficará bem”.

Dr. Thomé olha para o jovem de túnica e para a menina Bernadete e diz, para eles: “Farei o possível e o inimaginável, com a graça de Deus, para que se opere um milagre da cura neste Natal. Pressinto que ele está presente a nos orientar, a nos dar forças e a soprar vida em Jonas”.

Bernadete e o menino agradecem e se dirigem para a entrada do Hospital, aguardando notícias junto aos demais.

Enquanto isso...

O velho senhor de longas barbas após longa vigília resolve tirar um cochilo. As renas já se alimentaram e também descansam ao pé da montanha. Quando, de súbito, Jonas acorda, e sem querer incomodar o senhor, diz a si mesmo, está na hora de voltar para casa, chega de aventuras por hoje. Antes, ele dá um beijo carinhoso na face e na mão daquele velho senhor.

Jonas avista um menino de túnica alva vindo em sua direção perguntando pelo velho senhor, ele indica onde está descansando “o amigo das chaminés” do dia de natal. E pergunta ao menino, ele é seu parente?

O menino lhe toca com a mão na face e diz, ele é o “pai” de todos nós! Jonas retruca, “mas ele não é o papai Noel da fantasia de natal das crianças de todo o mundo? O menino lhe sorri e diz: “Jonas, hoje você esteve sentado ao lado Dele, estes dias são muito especiais para Ele, gosta de reviver toda a criação, a grande obra Dele”.

- Sim, mas não compreendo... aonde você quer chegar? Aquele senhor, por acaso, é Deus? Mas ele não é invisível, está em toda parte, mas a gente não pode vê-lo?

- Sim, Jonas, tu o disseste, e além disso viveste este especial momento, disse o menino de túnica branca, e arrematou: “E então vens conosco? Já cumpriste bem a tua missão”.

Jonas, agora se via próximo a montanha e também deitado em um leito de hospital, seu espírito estava aturdido, o que decidiria? Surgiam em sua cabeça, a adorável esposa, as crianças, a sua casa por manter, o que elas fariam sem ele? Mas, começou a perceber a gravidade de sua situação, ao afastar-se lentamente daquelas figuras encantadoras, a do velho senhor e, agora a do menino de túnica, tudo aquilo era um sonho ou pesadelo?

Enquanto isso, no Hospital...

Dr. Thomé já assumira com a equipe de dia, o seu plantão. Jonas havia feito grandes progressos, estava em coma superficial, já respirava bem com os aparelhos e as funções cardiocirculatórias estavam dentro da normalidade. Ele se prontificou a dar a notícia a família e as centenas de pessoas do condado que se avolumavam a porta do hospital com suas velas acesas orando.

Dr. Thomé pediu a todos que fossem para as suas casas, que assistissem os ofícios religiosos em seus respectivos templos e que seguissem orando pelo restabelecimento de Jonas.

E para reforçar a sua crença de que tudo haveria de ficar bem, pediu a Bernadete que junto ao jovem de túnica branca estendesse a faixa com a frase de fé.
Todos saíram preocupados, mas esperançosos pela recuperação de Jonas, e ainda bastante intrigados com a presença daquele jovem de túnica branca e daquelas mensagens que lhes fora endereçada através das crianças, quem havia tido aquela ideia?

Quando os sinos tocaram 6 horas da tarde, a hora da Ave-Maria, havia muita gente se dirigindo para a Sinagoga, para a Igreja Católica e para o Templo Batista.

Jonas, consegue nos ouvir? Diz o velho senhor de longas barbas que acabara de despertar. Entreabrindo os olhos Jonas disse “Sim, estão comigo aqui? Mas porque será que não os vejo?
O menino de túnica branca lhe sopra ao ouvido “tenha calma, tudo ficará bem, confie em Deus e nos cuidados da equipe médica, o Dr. Thomé e colegas irão cuidar de tudo”.

- Mas, então, eu não morri? Jonas diz desconfiado... nesta hora, entra o Dr. Thomé que entre surpreso e gratificado, diz “eu ouvi tudo” o que disse, que bom que está acordando.
Doutor, não vá achar que estou ficando maluco? Deve ser efeito da queda e da pancada, desconversa Jonas.

Então o Dr. Thomé lhe diz, “eu também tive o privilégio de estar com Este menino, sei muito bem o quanto Eles te amam e querem a sua recuperação, Jonas. Se nós estamos loucos, é para viver a vida com a fé, a paz, o amor e a esperança que o Natal enseja”.

Jonas sente uma mão amorosa afagar a sua cabeça e um menino de túnica branca lhe acenar, e lhe soprar ao ouvido, cuide bem de Bernadete e Raphael. Fecha novamente os olhos, fica um pouco agitado, o doutor Thomé lhe dá um sedativo, enquanto a sua equipe assiste maravilhada e em silêncio a toda aquela mágica cena, de um verdadeiro milagre de natal.

Todos correm ao Dr. Thomé e lhe dão um carinhoso e longo abraço e cada qual vai se juntando ao abraço. Missão cumprida, feliz Natal. Alguém lhes chama a recepção, era Margareth, a dedicada e sofrida esposa de Jonas, ela lhes traz uma torta de nozes.

Dr. Thomé indaga a Margareth quem era aquela senhora de túnica branca que chegara com ela até a entrada da recepção, porque ela não entra também.
Margareth em sua simplicidade diz, “ela me fez companhia desde a noite do acidente com Jonas.

Ela disse que precisa encontrar com sua família agora, sabe como é, a Família Sagrada é a primeira a dar o exemplo, mas pediu para desejar-lhes um feliz natal e agradecer a tudo que fizeram e continuam fazendo pelo Jonas”.

AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 9 de dezembro de 2015.

Arte: "Wintery Night" by Kevin Dodds (Canadian Painter, Ottawa).
 
Autor
AjAraujo
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1355
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
0
1
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.