LICENÇA DE USO

Caro, boxer, explico-me melhor: A autoria importa, mas é algo secundário, logo, pode vir no rodapé ou no índice onomástico do texto de outrem. O que realmente deve ficar evidente é a intenção de sentido poética.

Eu leio Pessoa e escrevo Cunha, mas sei que Pessoa está dentro do que escrevo, ainda que uma leitura pequena dele. Se fosse preciso escrever pedindo bênção em cada verso a este ou àquele, a leitura quedaria maçante. Por isso, até para manter viva a obra de um poeta morto, convém lhe render a devida citação quando oportuno, com a humildade de confessar: "Eu, mineiro, jamais teria escrito sobre barcos ou navios se não fosse Camões..."

Ou "Eu, homem do século XXI, jamais teria escrito sobre locomotivas se não fosse Drummond..."

Para escrever é preciso admitir que lemos.

É isso.

Abraços, RicardoC.

Olá, Ricardo.
Obrigado pela resposta.
Há muitos anos, tive um professor de literatura que nos dizia que estudar um autor não era compreender, mas incorporar, ou seja, tornar as suas palavras carne e sangue nossos.
Só nessa altura estaríamos autorizados a abrir a boca para falar sobre as suas obras.
Esse lado de "possessão", de "transe" do leitor, interessa-me muito, em especial quando leio poesia.
Muitos parabéns pelos seus poemas. Vou tentar acompanhar de mais perto -- nem sempre tenho tempo para este prazer de ler devagar...